O filme português O Nosso Futebol (1984) é um documentário de longa-metragem de Ricardo Costa.
Ilustra um século de futebol, enquadrado 🍐 na história social e política de Portugal.
A narrativa é conduzida por António Vitorino de Almeida, também autor da música original 🍐 do filme.
Estreia em Lisboa a 10 de Dezembro de 1985 nos cinemas Rex [1] e N'Gola (antigo Quinteto).[2]
«Portugal, cem anos 🍐 de futebol e história.
Joga-se desde o princípio um insuspeitável jogo, feito de inúmeros jogos parcelares, num permanente confronto de opositores.
Opositores 🍐 que se sucedem, povoando sempre, dir-se-ia, os mesmos dois campos: Sporting / Benfica, Lisboa / Porto, Portugal! Que história é 🍐 essa que se conta? Que aguerridos jogos, afinal, se vê jogar?
O nosso futebol: o futebol da nossa história.Desde 1888.
Os aristocratas 🍐 dos primórdios contra os ingleses.O Ultimato.
O "jogo do coice", [3] a insolente desforra dos órfãos da Casa Pia, a migração 🍐 de Belém para Benfica, Alvalade, o Grupo do Destino [4], o Regicídio de 1908.O Lisboa-Madrid.
O futebol da República, confrontos na 🍐 União, o Carcavelinhos, a plebe em acção, a 1ª Grande Guerra, vencedores e vencidos, a eclosão dos anos vinte, glórias 🍐 de Amesterdão, Pepe [5] e Mussolini, o Quadro Eléctrico, [6] as multidões, a crise, os golos de Salazar.Milhões de adeptos.
O 🍐 Estádio Nacional (Estádio Nacional do Jamor), heróis lendários, os Cinco Violinos, a vitória contra os Ingleses, Fátima, Futebol e Fado.A 🍐 televisão.
Anos sessenta: o apogeu, o Totobola, o Benfica-Barcelona, a Taça das Taças, a Minicopa, o Eusébio, negros das colónias em 🍐 pleno estádio, avindos irmãos.
O quebrar da onda, a Revolução dos Cravos, verdes e encarnados, o transe, novas vitórias de velhos 🍐 clubes.
E hoje, que vontades, que futuro para as incalculáveis lutas? Assim se joga o nosso futebol» (cit.
sinopse do produtor).
É uma 🍐 produção independente encomendada pelo Departamento de Apostas Mútuas (Totobola) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (de que então era 🍐 provedor o socialista João Gomes), à empresa Diafilme, gerida por Ricardo Costa.
A Diafilme produzia a série de documentários culturais que 🍐 acompanhava na RTP o programa Vamos Jogar no Totobola, [7] curtas-metragens realizadas por uma equipa de jovens cineastas.
Era interesse da 🍐 Sta.
Casa que lhes fosse entregue um pequeno filme mas, por vontade dos produtores e graças a alguns apoios institucionais, o 🍐 resultado final foi uma longa-metragem, destinada ao circuito comercial.
O lançamento e consequente exibição de O Nosso Futebol foi assegurado pela 🍐 gerência da sala de espectáculos do Forum Picoas, [8] uma das salas de Lisboa com mais programação cultural, dirigida pela 🍐 escritora Natália Correia.
A estreia e as primeiras semanas de exibição eram acompanhadas por uma grande exposição de fotografias e de 🍐 velhos equipamentos de difusão televisiva intitulada O Futebol na Comunicação: um espaço relativo ao papel histórico da RTP na mediatização 🍐 do futebol, emissões em directo da rádio (RDP) cobrindo eventos e seguindo de perto uma série de colóquios com especialistas 🍐 em áreas relacionadas.
Em vésperas da estreia, após um visionamento em sessão privada, decide o provedor João Gomes impedir a saída 🍐 do filme.
A decisão não é sem consequências: segue-se um folhetim mediático, torna-se a fita notícia de primeiras páginas.
O filme não 🍐 é exibido, mas não sem uma boa razão: é «ideologicamente incorrecto».
Pelo mesmo motivo e pelas mesmas imagens (o PREC, Mário 🍐 Soares, Frank Carlucci) tinha-se tornado indesejável também o Bom Povo Português (1981), documentário de Rui Simões.
Estamos agora em Dezembro de 🍐 1985.
A 26 de Janeiro de 1986 dá-se a primeira volta das eleições presidenciais de que sairá vencedor Mário Soares (9 🍐 de Março de 1986).
O Nosso Futebol, entretanto maltratado por certa crítica, acabará por ser exibido em duas salas de Lisboa, 🍐 geridas por um ex-sócio do cinema Quarteto, [9] no renovado cinema Rex e no inovado N'Gola, com alguns mas modestos 🍐 resultados.
Seria por fim exibido na RTP em 2002.
O Nosso Futebol tinha antestreia marcada no Forum Picoas para o dia 2 🍐 de Setembro de 1985.
Tinha sido seleccionado para abrir no dia 5 de Setembro o XIV Festival Internacional da Figueira da 🍐 Foz.
Seria estreado em Lisboa no Forum Picoas a 25 de Setembro, a 1 de Janeiro seguinte no cinema Rivoli, no 🍐 Porto, e a 14 de Janeiro no cinema Gil Vicente, em Coimbra.[10]
No próprio dia da antestreia no Fórum, dia 2, 🍐 em entrevista ao jornal Comércio do Porto, José Vieira Marques, director do Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz, 🍐 declara que «nem pintado de ouro o filme será apresentado na Figueira da Foz».
Tinha ele recebido um telefonema da Direcção 🍐 Geral da Acção Cultural e dos Direitos de Autor (IGAC) a avisar que o filme não poderá passar porque «pura 🍐 e simplesmente não existe»: isto é, não tem o necessário certificado.
[11] Porém, o registo legal já tinha sido feito.
Embaraçada, a 🍐 administração do Forum Picoas declara que a obra será estreada durante o "Mundial" de futebol que se iniciará a 7 🍐 de setembro.
Mas a fita não sai, o que acabará por levar à anulação das estreias no Porto e em Coimbra.
Sem 🍐 justificação, a administração do Forum, mau grado o manifesto desagrado de quem é responsável pela programação da sala, desvincula-se de 🍐 todos os compromissos.
O lançamento de O Nosso Futebol acabará entretanto por ser assegurado pela distribuidora Cinefilme, de José Gonçalves que, 🍐 regressado de Angola onde geria uma rede de cinemas, decide remodelar o espaço e o equipamento de duas salas da 🍐 capital, o nobre Quinteto, na Rua Actor Taborda (chamava-se agora N'Gola e voltaria a ter o nome original de Cine 🍐 Bolso) e o velho e mítico cinema Rex, da Rua da Palma [12], investindo nisso quantias consideráveis.
A estreia é marcada 🍐 para o dia 10 de Dezembro, [13] com pompa e circunstância, reforçada com uma parte da exposição de fotografias do 🍐 Forum Picoas.
[14] Mas de novo o tiro sai pela culatra.
Estamos em período avançado da campanha eleitoral para a Presidência da 🍐 República.
O ruído envolvente submerge todos os outros.
Todos os cartazes colados nas paredes da cidade a anunciar O Nosso Futebol são 🍐 tapados com o retrato do principal candidato e futuro Presidente.
O filme perde o impacto mediático, deixa de ser jogo que 🍐 «voa num olhar».[15]
Só passado cerca de um ano se voltará a falar do filme, que é seleccionado para o Festival 🍐 International du Film Sportif, no seu género «o mais importante a nível mundial», em sessão especial intitulada La Gloire du 🍐 Football.
O evento tem lugar em França, na cidade de Rennes, em Outubro de 1986.[16]
Fazem-se ouvir os ecos dessa presença na 🍐 imprensa portuguesa.
[17] Entretanto o cinema Rex fecha de vez e o N'Ggola, transvertido em Cine Bolso, só sobrevive com a 🍐 exibição de filmes pornográficos.
Posteriormente, O Nosso Futebol será visto ocasionalmente em exibições públicas.
[18]APOIOS:PRODUÇÃO:Diafilme
direcção de produção
Ricardo Costa (cineasta)João BasílioOlívia LacerdaARGUMENTO:José de 🍐 Sá CaetanoRicardo CostaINVESTIGADORES:Vítor FerreiraAna Portugal
Fernando Marques da CostaCunha PereiraOlívia LacerdaRicardo CostaCOLABORAÇÕES:COLABORADORES:Fotografia:
João Ponces de CarvalhoMoedas Miguel
José João (truca - Tobis Portuguesa)Som:Valdemar 🍐 MirandaMúsicas de arquivo:Jorge Melo CardosoMúsica original:Mistura de bandas:Luis BrandãoLaboratórios:Tobis PortuguesaNacional FilmesCartaz:Judite Cília
Festivais e exibições especiais [ editar | editar código-fonte 🍐 ]Clubes