Resumos
O doping genético caracteriza-se pelo uso não terapêutico de células, genes e elementos gênicos, ou a modulação da expressão gênica ❤️ com objetivo de aumentar o desempenho esportivo.
Isto somente pode ser realizado através de manipulação gênica.
Esta prática dopante caracteriza-se como virtualmente ❤️ "indetectável", o que representa novos desafios analíticos para abrir betano detecção.
Esta revisão apresenta o doping genético e possíveis métodos de detecção ❤️ para evitar futuras fraudes desportivas.
El dopaje genética se caracteriza por el uso no terapéutico de células, genes y elementos genéticos ❤️ o la modulación de la expresión génica con el objetivo de aumentar el rendimiento deportivo.
Esto sólo puede lograrse gracias la ❤️ manipulación genética.
Esta práctica dopante se caracteriza por ser casi "imperceptible", lo que representa nuevos retos para la detección analítica.
Esto presenta ❤️ la revisión y posible dopaje gen métodos de detección para prevenir los futuros tramposos en el deportes.
ARTIGOS DE REVISÃO
Doping genético ❤️ e possíveis metodologias de detecção
Gene doping and possible detection methodologies
Dopaje genética y los posibles métodos de detecciónMs.
André Valle DE BairrosI; ❤️ Grad.
Alex Almeida PrevedelloII; Esp.
Liliana de Los Santos MoraesIII
IMestre em Bioquímica Toxicológica pela Universidade Federal de Santa Maria e Doutorando em ❤️ Toxicologia e Análises Toxicológicas da Universidade de São Paulo (São Paulo - São Paulo - Brasil).
E-mail: andrebairrosyahoo.com.br
IIGraduado em Farmácia pela ❤️ Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) (Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil).
E-mail: alex_prevedellohotmail.com
IIIEspecialista em Farmácia Hospitalar pela ❤️ Escola Superior de Gestão e Ciências da Saúde, Farmacêutica da Secretária de Saúde do Município de Uruguaiana (Uruguaiana - Rio ❤️ Grande do Sul - Brasil).
E-mail: lili_moraes_4hotmail.comRESUMO
O doping genético caracteriza-se pelo uso não terapêutico de células, genes e elementos gênicos, ou ❤️ a modulação da expressão gênica com objetivo de aumentar o desempenho esportivo.
Isto somente pode ser realizado através de manipulação gênica.
Esta ❤️ prática dopante caracteriza-se como virtualmente "indetectável", o que representa novos desafios analíticos para abrir betano detecção.
Esta revisão apresenta o doping genético ❤️ e possíveis métodos de detecção para evitar futuras fraudes desportivas.
Palavras-chave: Atleta; detecção; doping; genes.
ABSTRACT
Gene doping is characterized by non-therapeutic use ❤️ of cells, genes and genetic elements, or modulation of gene expression with the aim to increase sports performance.
This can only ❤️ be accomplished through gene manipulation.
This doping practice is characterized as virtually "undetectable", which represents new challenges for analytical detection.
This review ❤️ presents and possible gene doping detection methods to prevent future sports cheats.
Keywords: Athlete; detection; doping; genes.
RESUMEN
El dopaje genética se caracteriza ❤️ por el uso no terapéutico de células, genes y elementos genéticos o la modulación de la expresión génica con el ❤️ objetivo de aumentar el rendimiento deportivo.
Esto sólo puede lograrse gracias la manipulación genética.
Esta práctica dopante se caracteriza por ser casi ❤️ "imperceptible", lo que representa nuevos retos para la detección analítica.
Esto presenta la revisión y posible dopaje gen métodos de detección ❤️ para prevenir los futuros tramposos en el deportes.
Palabras-clave: Deportista; detección; dopaje; genes.
INTRODUÇÃO
A busca pelo ótimo desempenho tem sido uma constante ❤️ no esporte de alto rendimento.
Para tanto, muitos atletas acabam utilizando drogas e métodos ilícitos, que é denominado doping, os quais ❤️ podem ter importantes efeitos adversos (ARTIOLI; HIRATA; LANCHA JÚNIOR, 2007).
O doping está definido pela presença de substâncias proibidas (drogas ou ❤️ fármacos que incrementam o rendimento de um atleta) e de seus metabólitos ou marcadores em uma amostra (sangue ou urina) ❤️ de um atleta, além de métodos ilícitos (WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2010).
Entre as práticas proibidas pela WADA, encontra-se o doping ❤️ genético.
O doping genético caracteriza-se pelo uso não terapêutico de células, genes e elementos gênicos, ou a modulação da expressão gênica, ❤️ que tenham a capacidade de aumentar o desempenho esportivo (WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2010).
Tal prática é realizada por meio de ❤️ manipulação gênica, que pode ser definida como um conjunto de técnicas que permitem a inserção e expressão de um gene ❤️ terapêutico em células-alvo que apresentam algum tipo de desordem de origem genética (não necessariamente hereditária), possibilitando a correção dos produtos ❤️ gênicos inadequados que causam doenças (HUARD et al., 2003).
Nesse sentido, os atletas poderiam beneficiar-se das técnicas de transferência de genes ❤️ como qualquer outra pessoa cujo quadro clínico imponha tal necessidade (FILIPP, 2007).
Além disso, a grande dificuldade de detecção desta prática ❤️ dopante estimularia abrir betano utilização em larga escala no meio esportivo (FILIPP, 2007).
Entretanto, metodologias analíticas estão sendo desenvolvidas a fim de ❤️ detectar alterações nos genomas de atletas e/ou seus respectivos produtos de biotransformação (ARGÜELLES; ZAMBORA, 2007; THEVIS et al., 2010).
Desta forma, ❤️ o doping genético chama a atenção das autoridades quanto a abrir betano incrível dificuldade para identificação deste método ilícito.
Por isso, mais ❤️ estudos são necessários para o desenvolvimento de metodologias analíticas capazes de detectar este tipo de fraude em exames antidoping.
ASPECTOS GERAIS ❤️ DO DOPING
O conceito de dopagem apresentado no Código Antidopagem do Movimento Olímpico é "o uso de um expediente - substância ❤️ ou método - que pode ser potencialmente prejudicial à saúde dos atletas, capaz de aumentar seu desempenho e que resulta ❤️ na presença de uma substância proibida ou na evidência do uso de um método proibido no organismo do atleta" (RAMIREZ; ❤️ RIBEIRO, 2005; OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Entre os fatores que contribuem para a dopagem estão: freqüência, duração e intensidade dos treinamentos ❤️ e das competições; período de recuperação insuficiente entre os eventos; condições atmosféricas desfavoráveis e estresse provocado pelo público, meios de ❤️ comunicação e patrocinadores (AQUINO NETO, 2001; OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
A dopagem, além de ser um fato eticamente condenável, representa risco ❤️ para quem a utiliza, pois a escolha da prática dopante é feita de acordo com o que o atleta, que ❤️ hipoteticamente, acredita que poderá favorecer o seu rendimento em um determinado esporte.
Por isso, a agência Mundial Antidoping (WADA) organiza uma ❤️ lista com as classes de substâncias e métodos que apresentam como característica, pelo menos, dois dos três seguintes critérios: possibilidade ❤️ de aumento no desempenho, risco à saúde e violação do espírito esportivo (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; DE ROSE, 2008).
Esta lista ❤️ inclui agentes anabólicos, hormônios e outras substâncias relacionadas, agonista Beta-2 adrenérgico, agentes com atividade antiestrogênica, diuréticos e outros agentes mascarantes, ❤️ estimulantes, narcóticos, canabinóides e glicocorticóides (WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2010).
De acordo com a WADA, o controle antidoping deve ocorrer durante ❤️ o período das competições e entre os eventos esportivos.
O controle antidoping entre as competições pode ser feita a qualquer momento ❤️ (no treinamento, na casa do atleta ou próximo a competição) e consiste na identificação e quantificação de agentes anabólicos e ❤️ com atividade antiestrogênica, beta-2-agonista, diuréticos e agentes mascarantes (DE ROSE, 2008; WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2009a).
Em relação às metodologias analíticas ❤️ empregadas no controle antidoping estabelecidas pela WADA, são divididas em 3 etapas: coleta da amostra, screening e confirmação do resultado ❤️ (PEREIRA et al.
, 2008; WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2009a).
Neste sentido, o controle do doping pode ser efetuado em amostra de ❤️ urina, sangue ou ambos.
Durante a coleta é verificado algum tipo de manipulação física ou química da amostra biológica (urina ou ❤️ sangue).
A amostra biológica passa por um screening que é realizado através de imunoensaio, eletroforese de focalização isoelétrica (eritropoetina sintética), cromatografia ❤️ líquida (LC) e cromatografia gasosa (GC).
Nos casos positivos, é refeito a mesma determinação para algumas substâncias como a eritropoetina recombinante ❤️ humana (rEPO) e os ensaios cromatográficos são realizados novamente com auxílio de um espectrômetro de massa tandem (MSn).
No caso de ❤️ esteróides endógenos, os exames são realizados através de GC acoplado a um espectrômetro de massa de razão isotópica (GC-IRMS) (PEREIRA ❤️ et al.
, 2008; WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2009a).
Recentemente, a WADA implementou o passaporte biológico, o primeiro método indireto que realiza ❤️ uma série de coletas sanguíneas para verificação de alterações significativas em parâmetros desta amostra com o objetivo do monitoramento longitudinal ❤️ em atletas de alto nível e que vem a somar-se aos tradicionais métodos diretos (WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2009b).
Em relação ❤️ aos métodos proibidos pela WADA são enquadrados da seguinte maneira: transportadores de oxigênio, manipulações químicas e físicas e dopagem genética ❤️ (WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2010).
DOPING GENÉTICO
O doping genético é considerado o uso não terapêutico de células, genes e elementos gênicos ❤️ que venha a aumentar o desempenho físico do atleta por meio da terapia gênica (WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2010).
A implicação ❤️ das novas intervenções genéticas tem fascinado não só os pesquisadores, médicos e geneticistas, mas também treinadores e atletas que visam ❤️ o aprimoramento do desempenho atlético de parâmetros biológicos, tais como força, potência e fornecimento de oxigênio, além do tratamento e ❤️ reabilitação de lesões, para criar uma vantagem sobre os outros competidores (HUARD et al.
, 2003; HAISMA; DE HON, 2006; AZZAZY, ❤️ 2010).
Usando princípios básicos da terapia gênica, o doping genético injeta genes diretamente no corpo do atleta utilizando métodos in vivo ❤️ ou ex vivo (AZZAZY; MANSOUR; CHRISTENSON, 2005).
No método in vivo, a entrega do gene pode ser feita por métodos físicos, ❤️ químicos ou biológicos, sendo este último o mais utilizado.
Neste caso, utiliza-se vírus (retrovírus, adenovírus, vírus adeno-associados, lentivírus) como vetores que ❤️ são modificados biologicamente para promover a inserção do gene artificial em células de um determinado órgão ou tecido-alvo (AZZAZY; MANSOUR; ❤️ CHRISTENSON, 2005; SINN; SAUTER; MCCRAY JUNIOR, 2005).
A técnica de doping genético ex vivo envolve a transferência, primeiramente, de genes para ❤️ células em meio de cultura e reintrodução para o tecido alvo do atleta.
Uma vez implantada no atleta, essas células aumentam ❤️ a expressão de hormônios e outras substâncias bioquímicas que aumentam o seu desempenho físico (SINN; SAUTER; MCCRAY JUNIOR, 2005).
Os possíveis ❤️ alvos primários do doping genético em humanos são: a eritropoietina (EPO), enzima conversora de angiotensina 1, hormônio do crescimento humano ❤️ (hGH), fator de crescimento 1 semelhante a insulina (IGF-1), inibidor de genes da miostatina, folistatina, receptor ativado por proliferador peroxissomal ❤️ (PPARs), fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), endorfinas e encefalinas, leptina, fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK) e actinina alfa-3 (ACTN3) (UNAL; UNAL, ❤️ 2004; GATZIDOU; GATZIDOU; THEOCHARIS, 2009; AZZAZY, 2010).
Diante da diversidade de genes, diferentes técnicas analíticas têm sido sugeridas para a determinação ❤️ de doping genético.
METODOLOGIAS PARA DETECÇÃO DO DOPING GENÉTICO
A WADA iniciou uma série de pesquisas visando estar preparada para o mundo ❤️ do doping genético (MCCRORY, 2003; PINCOCK, 2005).
Os pesquisadores sugerem vários testes biológico-laboratoriais que podem expor fraudes genéticas (MCCRORY, 2003; PINCOCK, ❤️ 2005; AZZAZY; MANSOUR; CHRISTENSON, 2005).
Quando o perigo do doping genético foi reconhecido pela primeira vez, órgãos de controle de doping, ❤️ cientistas e autoridades desportivas estavam preocupados com a dificuldade ou até mesmo incapacidade de abrir betano detecção (FRIEDMANN; KOSS, 2001).
A base ❤️ para essa opinião era que tanto o transgene quanto a proteína expressa seria indistinguível de seus homólogos endógenos (BAOUTINA et ❤️ al., 2008).
Neste sentido, Filipp (2007) discutiu a possibilidade de indivíduos que apresentam mutações benéficas em determinados genes alvos podem demonstrar ❤️ vantagens naturais sobre os demais competidores, porém um exame antidoping baseado em uma análise genética poderia resultar em falso-positivo para ❤️ o atleta com alguma mutação.
Neste sentido, as estratégias analíticas para detecção do doping genético poderiam ser realizadas através da detecção ❤️ direta e/ou indireta da manipulação gênica (AZZAZY; MANSOUR, 2007; PALMER et al., 2004).
DETECÇÃO DIRETA DO DOPING GENÉTICO
As estratégias adequadas que ❤️ poderiam ser utilizadas para a detecção do doping genético seria a análise direta do transgene, da proteína transgênica e/ou do ❤️ vetor utilizado para a introdução do transgene (AZZAZY; MANSOUR, 2007; BAUOTINA et al., 2008).
Sugere-se a utilização de técnicas moleculares como ❤️ a reação da transcriptase reversa, seguida da reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) para o estudo de RNA, caso o ❤️ problema seja a seleção da região do genoma para estudo.
Os RNAs específicos codificam ou estão envolvidos na tradução de diferentes ❤️ proteínas, sendo que por vezes, uma mesma proteína é traduzida por diferentes RNAs (WANG et al., 2003).
DETECÇÃO DE PROTEÍNAS TRANSGÊNICAS
Na ❤️ terapia gênica, transferência e subseqüente expressão do transgene são monitoradas pela detecção do produto do transgene ou por um componente ❤️ do vetor.
O transgene normalmente substitui um gene defeituoso, portanto há pouca expressão endógena dessa proteína.
No doping genético, o transgene não ❤️ visa substituir o gene defeituoso, e sim as proteínas recombinantes que são produzidas pelas próprias células dos atletas através do ❤️ gene introduzido, tornando-as quase idênticas aos seus homólogos endógenos.
Logo a detecção das proteínas transgênicas torna-se confiável na medida em que ❤️ ocorrem mudanças nos níveis de expressão da proteína ou modificações pós-translacionais (PTM) quando o transgene é expresso ectopicamente (LASNE et ❤️ al.
, 2002; BAOUTINA et al.
, 2008; AZZAZY, 2010).
Para a detecção do doping genético por meio da análise de proteínas alvos ❤️ utilizando técnicas químicas padrões, mudanças nas concentrações de proteína ou isoformas precisariam ser evidentes em tecidos ou fluidos corporais de ❤️ fácil acesso.
Os estudos de terapia gênica em animais e humanos têm demonstrado que a expressão do transgene é geralmente confinada ❤️ ao local/tecido onde é realizada a injeção/inserção do transgene.
O tecido muscular é o principal alvo para essa prática, portanto para ❤️ acompanhar a concentração da proteína, uma biopsia muscular seria exigida para revelar possíveis veículos virais ou alteração de genes (MCCRORY, ❤️ 2003; PINCOCK, 2005), o que torna praticamente inviável no cenário atual do esporte (BAOUTINA et al., 2008).
As proteínas constituintes de ❤️ hormônios como EPO e hGH quando secretadas, podem ocasionar algum "vazamento" para a circulação e possivelmente para a urina.
Dessa forma, ❤️ as proteínas transgênicas funcionais poderiam gerar alguma informação para abrir betano detecção em caso de doping (BAOUTINA et al., 2008).
Neste sentido, ❤️ o conhecimento das técnicas moleculares é capaz de diferenciar um genoma normal em relação a um alterado.
O desenvolvimento dos testes ❤️ moleculares pode ser resumido nos seguintes passos: extração de moléculas de DNA ou RNA no sangue ou tecido objeto de ❤️ estudo; amplificação mediante reação em cadeia da polimerase (PCR) ou transcrição reversa (RT); estudos das seqüências de interesses; marcadores, biosensores, ❤️ entre um vasto leque de técnicas moleculares existentes (ARGÜELLES; ZAMBORA, 2007).
Uma possível metodologia para indicar o uso de doping genético ❤️ é a análise de RNA e outras possíveis proteínas marcadoras por meio de métodos cromatográficos acoplados a espectrômetros de massa ❤️ em soro ou plasma com a utilização de técnicas proteômicas (HAISMA; DE HON, 2006).
Além disso, a eritropoietina (EPO), produzida in ❤️ vivo para transferência gênica, difere de abrir betano contraparte fisiológica (LASNE et al., 2004).
As diferenças isoelétricas entre as isoformas de EPO ❤️ foram detectadas no soro de macacos antes e depois de injeção intramuscular do vetor vírus adeno-associado contendo homólogo de ácido ❤️ desoxirribonucléico complementar (cDNA) para EPO.
Embora as características estruturais responsáveis por esse comportamento isoelétrico distinto não tenham sido elucidadas, a expressão ❤️ ectópica da proteína transgênica no tecido muscular, pode resultar em modificações pós-translacionais (PTM) diferentes ao da EPO endógena.
Esta descoberta abriu ❤️ perspectivas importantes para o controle antidoping envolvendo transferências de genes (LASNE et al., 2004).
Uma metodologia adotada para a análise de ❤️ genes é a técnica de microarrays, capaz de medir quantitativamente a expressão de milhares de genes em diferentes tecidos em ❤️ apenas um ensaio (ROSA; ROCHA; FURLAN, 2007).
Neste sentido, este método poderia ser aplicado no doping genético, pois esta metodologia poderia ❤️ detectar a expressão de genes extras ou alterados, resultantes do doping genético.
No entanto, os experimentos com microarrays ainda são consideravelmente ❤️ caros e trabalhosos.
Além disso, tais experimentos envolvem uma série de procedimentos laboratoriais, desde a extração de RNA, transcrição reversa e ❤️ marcação fluorescente, até a hibridização final, os quais invariavelmente introduzem diferentes níveis de variação adicional aos dados.
Desta maneira, a condução ❤️ de ensaios com microarrays requer cuidadoso delineamento experimental e análise estatística dos dados (ROSA; ROCHA; FURLAN, 2007).
Em conseqüência destes fatores, ❤️ a logística de um laboratório de exames antidoping não seria capaz de atender a demanda de exames em grandes competições, ❤️ o que atualmente impossibilita a realização desta técnica na rotina de laboratorial.
DETECÇÃO DO VETOR
As abordagens para detecção de vetores virais ❤️ pode ser dirigida através da detecção de partículas virais, proteínas virais ou ácidos nucléicos incorporados.
Entretanto, a análise direta do vetor ❤️ depende de vários fatores como o vírus utilizado, o local onde ocorreu a transferência gênica e o método para detecção ❤️ do agente (BAOUTINA et al., 2008).
A reação da polimerase em cadeia (PCR) é predominante neste tipo de análise.
Esses vetores, o ❤️ tipo de amostra e suas metodologias de detecção estão apresentados no Quadro 1.
A detecção direta de agentes utilizados no doping ❤️ genético, com bases nas tecnologias atuais, pode apresentar alguns desafios e/ou certas limitações.
As principais desvantagens deste tipo de detecção é ❤️ a região do genoma a ser estudada devido a existência de diferentes genes que codificam proteínas musculares; as proteínas relacionadas ❤️ com funções respiratórias ou energéticas; as proteínas relacionadas a neurotransmissores cerebrais ou hormônios.
Todas elas, de maneira particular ou em conjunto, ❤️ podem incrementar o rendimento de um atleta.
Nem sempre haverá mudanças no genoma com a expressão de um gene, mas sim ❤️ no fragmento de DNA transcrito como RNA mensageiro, e portanto, em proteínas funcionais (ARGÜELLES; ZAMBORA, 2007).
Uma estratégia alternativa é a ❤️ utilização de métodos indiretos, com base na medição dos efeitos do doping genéticos nas células, tecidos ou em todo o ❤️ organismo (BAOUTINA et al., 2008).
No caso de doping genético por EPO, a detecção de alterações secundárias hematológicas e bioquímicas, tais ❤️ como, aumento na hemoglobina, na contagem de reticulócitos e hematócrito, pode sugerir o doping (RIVERA et al., 2005).
Além disso, Varlet-Marie ❤️ e colaboradores (2004) demonstraram mudanças no metabolismo do ferro e do RNA mensageiro utilizando a reação da polimerase em cadeia ❤️ (PCR) em tempo real.
Contudo, as implicações legais para o atleta com resultado positivo para qualquer forma de doping sugerem que, ❤️ sempre que possível, um método direto que identifique inequivocamente a prática ou agente dopante, que tem por base medir mudanças ❤️ em células, tecidos ou em todo o corpo (BAOUTINA et al., 2008).
DETECÇÃO INDIRETA DO DOPING GENÉTICO
Alternativamente, métodos indiretos de detecção ❤️ poderiam detectar mudanças mensuráveis induzidas pelo gene dopante.
Por exemplo, tem sido demonstrado que após a inserção e/ou expressão da respectiva ❤️ proteína recombinante, pode ocorrer uma resposta imune específica (GAO et al.
, 2004; PALMER et al., 2004).
Além disso, mudanças na transcrição, ❤️ proteínas e metabólitos padrões após a introdução do transgene pode levar a marcadores substitutos, capazes de serem detectados por diferentes ❤️ abordagens analíticas (AZZAZY; MANSOUR, 2007; BAOUTINA et al., 2008).
Entre outros efeitos biológicos do doping genético, respostas imunológicas frente ao veículo ❤️ de entrega do gene podem ser avaliadas.
Além disso, mudanças no nível de expressão de outras proteínas ou ruptura bioquímica celular ❤️ em resposta a uma proteína transgênica também pode ser avaliada (BESSIS; GARCIA COZAR; BOISSIER, 2004; BAOUTINA et al., 2008).
RESPOSTA IMUNE ❤️ HUMORAL DE VETORES DE TERAPIA GÊNICA
A administração de vetores virais pode induzir também resposta imune humoral.
Ambos os fatores virais relatados, ❤️ tais como o tipo de vetor, sorotipo, dose e via de administração e fatores relacionados ao hospedeiro, tais como a ❤️ genética afetam a extensão da resposta imune humoral ao vetor (BAOUTINA et al., 2008).
Em seres humanos, a administração de vetor ❤️ adenovírus ou vírus adeno-associado (AAV) gerou aumento de anticorpos séricos após injeções intramuscular (MANNO et al.
, 2003), intratumoral (DUMMER et ❤️ al.
, 2000; FREYTAG et al.
, 2002), intradermal (HARVEY et al.
, 1999) ou intra-arterial (artéria hepática) (MANNO et al.
, 2006) apesar ❤️ de a maioria dos pacientes testados já apresentarem anticorpos pré-existentes ao capsídeo viral ao encontro natural com esses vírus (CHIRMULE ❤️ et al., 1999).
A resposta imune humoral a infecção pelo vírus herpes simples é bem caracterizada (KOELLE; COREY, 2003).
Há um aumento ❤️ de anticorpos anti-HSV, apesar de que 50-80% dos seres humanos já possuam esses anticorpos com resultado natural de infecção (WAKIMOTO ❤️ et al., 2003).
Os vetores retrovirais também induzem resposta imune humoral como demonstrado em animais, através de injeção intravascular ou intramuscular ❤️ (MCCORMACK; GONDA, 1997; MCCORMACK et al.
, 2001), e em humanos através de injeção intraperitoneal (TAIT et al., 1999).
Ao contrário de ❤️ muitos sorotipos de adenovírus e vírus adeno-associados, os retrovírus tipo C não são conhecidos por infectar seres humanos (MCCORMACK et ❤️ al.
, 2001), assim a imunidade preexistente ao capsídeo não é comum, embora a presença de anticorpos em seres humanos tem ❤️ sido relatada (TAIT et al., 1999).
Este conhecimento sobre os vetores virais e a respectiva resposta imune humoral decorrente da terapia ❤️ gênica pode ser aplicado para uma possível forma de detecção para o doping genético.
Diante disso, exames imunológicos que avaliam os ❤️ anticorpos destes vetores poderiam ser utilizados (MI et al., 2005).
Entretanto, o atleta pode estar naturalmente infectado com um determinado vírus ❤️ como o AAV, que é largamente disseminado nos tecidos humanos (GAO et al., 2004).
Com isso, haveria uma elevada concentração de ❤️ anticorpos AAV na circulação e o resultado deste exame no intuito de revelar o uso de manipulação gênica para fins ❤️ de doping poderia ser inconclusivo.
UTILIZAÇÃO DE BIOSENSORES
Acredita-se que os biosensores podem desempenhar um importante e valioso papel no controle do ❤️ doping genético, provavelmente em conjunto com outras tecnologias de análise.
Apesar disso, nenhum teste está aprovado pela WADA para detecção do ❤️ doping genético, havendo vários projetos de pesquisa patrocinados pela WADA para o desenvolvimento de metodologias para detectar esta prática dopante ❤️ (MINUNNI; SCARANO; MASCINI, 2008).
Os biosensores podem ser classificados em duas classes: catalíticos e baseados na afinidade (ABB).
Como exemplo pragmático de ❤️ biosensor catalítico, temos o sensor de glicose, amplamente utilizado no controle da glicemia.
Já os biosensores baseados na afinidade, são assim ❤️ classificados devido à interação com a amostra, onde ocorre a formação de um complexo de afinidade na superfície do sensor ❤️ (MINUNNI; SCARANO; MASCINI, 2008).
Os ABBs são capazes de produzir uma resposta seletiva, sensível e reprodutível de uma amostra em um ❤️ tempo curto e, além disso, eles tornam desnecessários ou reduzem consideravelmente o pré-tratamento das amostras.
Isto se deve a um cristal ❤️ de quartzo com capacidade piezoelétrica extremamente sensível a variações de massa molecular.
Diante disso, múltiplas interações podem ser detectadas simultaneamente, além ❤️ de sequências específicas de DNA, proteínas recombinantes e anticorpos.
Em relação a este último, AABs apresentou-se como melhor opção de exame ❤️ em relação ao ELISA por ser mais específico (MINUNNI; SCARANO; MASCINI, 2008).
Em relação aos métodos, eles podem ser utilizados tanto ❤️ para formas diretas como indiretas de detecção (TOMBELLI; MINUNNI; MASCIN, 2005).
Em particular, ABBs foram aplicados para a detecção de analitos ❤️ alvos, tais como IGF-1 (GUIDI et al.
, 2001) e VEGF (LI; LEE; CORN, 2007).
Além disso, serve para analisar os efeitos ❤️ induzidos por transgenes, como por exemplo, resposta imune humoral de vírus adeno-associado (AAV), vetores de terapia gênica (PALMER et al.
, ❤️ 2004) ou EPO em terapia genética (GAO et al., 2004).
Diante das possibilidades de análises com diferentes metodologias analíticas, Thevis et ❤️ al.
(2010) desenvolveram um método para detecção de dois metabólitos urinários do gene agonista do PPAR-delta GW1516 utilizando cromatografia líquida acoplada ❤️ a um espectrômetro de massa tandem (LC-MSn) e ressonância magnética nuclear (RMN).
Este trabalho científico permitiu pela primeira vez detectar metabólitos ❤️ de um gene alvo do doping genético em uma situação de manipulação gênica na urina, o que permite a análise ❤️ antidoping sem a necessidade de procedimentos invasivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta revisão procuramos demonstrar o doping genético e as metodologias analíticas disponíveis e ❤️ suas limitações.
Porém, recentemente identificaram-se metabólitos de um gene alvo na urina em uma situação de manipulação gênica, abrindo caminho para ❤️ a determinação analítica de outros metabólitos de genes alvos do doping genético em uma rotina de exames antidoping.
No entanto, um ❤️ aspecto pouco discutido na literatura são estudos referentes à interação entre genes manipulados e o uso de fármacos.
Este fato poderia ❤️ mascarar o uso do doping genético.
Deste modo, determinados fármacos que não estão na lista de substâncias proibidas da WADA poderiam ❤️ ser acrescentadas, aumentando o número da classe de medicamentos e análogos.
Conseqüentemente, isso acarretaria em novos desafios analíticos para a detecção ❤️ do doping.
Diante disso, o doping genético é muito recente e carece de mais estudos, pois novos genes serão alvos deste ❤️ tipo de doping, o que implicará em novos riscos a saúde do atleta, bem como na criação de novas metodologias ❤️ analíticas para evitar fraudes em competições esportivas de alto nível.
Recebido: 01 maio 2010Aprovado: 18 abr.2011