Aldo Rebelo, então Ministro dos Esportes, recebe o jogador Tinga e o árbitro Márcio Chagas da Silva, que foram vítimas 🫰 de atos racistas.
Entende-se por racismo no futebol qualquer prática racista (normalmente xingamentos ou algum tipo de sinal) realizada em campo 🫰 durante alguma partida de futebol ou ainda nas arquibancadas, direcionada a algum dos participantes diretos da partida.
Isso tende a acontecer 🫰 com certa facilidade mesmo havendo a pressão da mídia e da sociedade contra esses casos porque o futebol é um 🫰 esporte que facilmente une pessoas de todas as "raças", considerando-se principalmente afro-descendentes.
Apesar de estar voltado para uma situação em particular 🫰 (o jogo de futebol), é considerado como racismo normal e punido da mesma forma que qualquer outra manifestação racista contra 🫰 a pessoa.[1]
O livro O Negro no Futebol Brasileiro, de Mário Rodrigues Filho (1947), é sem dúvida, em língua portuguesa, um 🫰 texto ótimo para se iniciar a discussão sobre relações étnico-raciais no futebol brasileiro.
Nesta obra prima, Mário Filho brinda-nos com os 🫰 capítulos: Raízes do saudosismo; O campo e a pelada; A revolta do preto; A ascensão social do negro; A provação 🫰 do preto e A vez do preto.
Mário Filho utiliza tanto o termo "negro" quanto "preto".
Atualmente, o termo "preto" poderia ser 🫰 interpretado como de cunho racista.
Entretanto, à época, não existia este tipo de discussão.
Anatol Rosenfeld publica em 1954, 1955 e 1956, 🫰 no anuário Staden Jahrbuch, do Instituto Hans Staden, três trabalhos sobre as questões étnico-raciais no Brasil.
Escritos na língua alemã, estes 🫰 três estudos foram reunidos no livro Negro, Macumba e Futebol, lançado no Brasil em 1993 pela editora Perspectiva.
Outro livro em 🫰 língua portuguesa que trata da temática do racismo no futebol é O Desporto e as Estruturas Sociais de Esteves (1967).
Este 🫰 escritor português desenvolve, no capítulo "O Negro e o Desporto", reflexões que posteriormente seriam ampliadas em outro livro: Racismo e 🫰 Desporto (1978), no qual destaca os aspectos do racismo desportivo no Brasil.
A questão do racismo no futebol é retomada no 🫰 Brasil em 1998 por meio de um artigo contundente: "A linguagem racista no futebol brasileiro" (SILVA, 1998).
Neste trabalho, o autor 🫰 interpreta notícias veiculadas em jornais após as derrotas da seleção brasileira em Copas do Mundo.
Discute o papel da mídia na 🫰 reprodução e construção do racismo no futebol brasileiro e conclui que nas derrotas o sentido construído socialmente para determinadas metáforas 🫰 desclassifica o jogador, sobretudo, como ser humano e não apenas como atleta.
Esse sentido desclassificatório dirige-se com mais ênfase a determinados 🫰 grupos de jogadores, que em geral são negros ou mestiços.
Em 1999, Soares publica um artigo na Revista Estudos Históricos que 🫰 contesta as descrições elaboradas por Mário Filho em O Negro no Futebol Brasileiro, dizendo que as narrativas da obra funcionam 🫰 como história mítica que vai sendo atualizada, principalmente, em função das demandas às denúncias racistas.
Esta tese recebe críticas contundentes de 🫰 Murad (1999) e um pouco mais brandas de Helal e Gordan Jr.(1999).
A primeira tese de doutorado que vai tocar diretamente 🫰 na questão do racismo no futebol brasileiro é o trabalho de Silva (2002), intitulado Futebol, Linguagem e Mídia: Entrada, Ascensão 🫰 e Consolidação dos Jogadores Negros e Mestiços no Futebol Brasileiro.
Além de ratificar as conclusões demonstradas no artigo A linguagem racista 🫰 no futebol brasileiro, Silva apresenta um tópico inédito até então.
Em aeapostas esportivas conclusão, introduz uma discussão sobre as estruturas de dominação 🫰 que dificultam a ascensão dos treinadores negros no Brasil.
Nas entrevistas que realizou com jornalistas, ficou evidenciado que os negros têm 🫰 muitas dificuldades para ingressar no mercado de trabalho de treinadores de futebol.
Em 2010, Marcel Diego Tonini defendeu a dissertação de 🫰 mestrado "Além dos gramados: história oral de vida de negros no futebol brasileiro (1970-2010)".
Neste trabalho, o autor focaliza o mercado 🫰 de trabalho dos treinadores negros.
A partir da análise e interpretação de 20 entrevistas, realizadas com ex-jogadores, árbitros e outras pessoas 🫰 do cotidiano do futebol, conclui que existe uma herança do ideário escravocrata, cuja ideia é a de que o negro 🫰 não serve para pensar e, por esta razão, seria incapaz de comandar.
Casos marcantes de racismo no futebol [ editar | 🫰 editar código-fonte ]
Bélgica e França [ editar | editar código-fonte ]
Glen Kamara, meio-campista finlandês do Rangers que possui origem serra-leonesa, 🫰 acusou o zagueiro tcheco Ondřej Kúdela de ter feito uma ofensa racial durante o jogo contra o Slavia Praga, em 🫰 março de 2021.[ 25 ]
No dia 20 de maio de 2023, Vinícius Júnior foi alvo de ofensas racistas praticadas pelos 🫰 torcedores do Valencia chamando de macaco.
O norte-americano DaMarcus Beasley e o francês Jean-Claude Darcheville, então jogadores do Rangers, foram ultrajados 🫰 racialmente por torcedores do Zeta, que acabou penalizado com multa de 9 mil euros.
Em abril de 2012, o meia Emre 🫰 Belözoğlu foi acusado pelo marfinense Didier Zokora de tê-lo chamado de "negro sujo" no jogo entre Fenerbahçe e Trabzonspor.
A resposta 🫰 do volante foi imediata no reencontro entre os dois clubes, nos playoffs do Campeonato Turco: sem visar a bola, Zokora 🫰 acertou os testículos de Emre.
[77] O árbitro puniu o marfinense com cartão amarelo.
América do Sul: incidente diplomático [ editar | 🫰 editar código-fonte ]
Em abril de 2005, o atacante brasileiro Grafite, então no São Paulo, foi chamado pelo argentino Leandro Desábato, 🫰 então no Quilmes, de "macaco".
Desábato ficou detido por 40 horas, e ao deixar a delegacia, foi extraditado.
Outros casos no Brasil 🫰 [ editar | editar código-fonte ]
O zagueiro colombiano Breyner Bonilla, então no Boca Juniors, afirmou em 2010 que o atacante 🫰 Esteban Fuertes o teria xingado de "negro de m...
" e "morto de fome" durante a partida entre os Xeneizes e 🫰 o Colón, onde Fuertes atuava na época[85].
A expressão racismo no futebol é empregada de forma tecnicamente equivocada, porque o que 🫰 é assim classificado pela mídia se trata, na verdade, do crime de injúria qualificada, definido no artigo 140, § 3º, 🫰 do Código Penal Brasileiro, e não do crime de racismo, prescrito na lei 7.716 de 1989.ESTEVES, José.
O desporto e as 🫰 estruturas sociais.
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