Nesse escopo, esse texto intenta discutir e problematizar sobre a aproximação e imbricação entre a cultura – e dentro dela 7️⃣ o esporte, o mercado e a economia no âmbito do capitalismo tardio.
Para tanto, bet20 casino organização envolve o debate sobre o 7️⃣ desenvolvimento da cultura no capitalismo tardio e, como um desdobramento, a discussão sobre o esporte, a economia e o mercado.
Isso 7️⃣ porque o esporte, enquanto resultado da produção cultural, está imerso e circunscrito nesse contexto, constituindo, na atualidade, num dos segmentos 7️⃣ que mais crescem na área da mídia e do entretenimento ( Kearney, 2003 ), ocupando, de tal modo, lugar de 7️⃣ destaque no mundo dos negócios.
Assim, imbuído nesse desafio está a necessidade de compreender o que tem sido a cultura 1 7️⃣ inserida nesse contexto e nessas dinâmicas.
E, mais especificamente, o que tem sido o esporte no presente histórico.
Uma empreitada que implica 7️⃣ atenção à manifestação e expressão do contraditório, do diverso e do dissonante.
Isso porque a cultura e, particularmente, o esporte, assim 7️⃣ como outras manifestações culturais, conjugam determinações sociais, políticas e econômicas de natureza ambígua e contraditória que, pela complexidade, não podem 7️⃣ ser negligenciadas.
Tal processo – em curso e em movimento –, apesar das tensões, dos enfrentamentos, das resistências e dos reveses, 7️⃣ generaliza-se e enraíza-se como tendência global, afetando deliberada e detidamente o conjunto da vida social, incidindo diretamente nas necessidades sociais 7️⃣ ( Netto, 1996 ) e na trama cotidiana que está no centro do acontecer histórico, respondendo pela "essência" da substância 7️⃣ social ( Heller, 2004 ) sem a qual o "[...
] econômico não consegue continuar a se implantar e expandir" ( 7️⃣ Jameson, 2001, p.60 ).
O aprofundamento do capitalismo como modo de produção e forma particular de organização da vida social vem 7️⃣ promovendo, em escala global, um conjunto de transformações econômicas, sociais, políticas e culturais ( Harvey, 1993 ; Jameson, 1996 ; 7️⃣ Netto, 1996 ; Hobsbawm, 1997 ; Ianni, 1997 ) que, invariavelmente, alteram e/ou redesenham valores, costumes, ideias, tradições, modos e 7️⃣ maneiras de produzir e perceber a vida social.2.
O desenvolvimento da cultura no capitalismo tardio
O processo de expansão, aprofundamento e dilatação 7️⃣ do capital – verificado, sobretudo, a partir da década de 1970 – implicou em um conjunto de ações coordenadas que, 7️⃣ não obstante, requereu um movimento análogo, equivalente e paralelo na cultura.
Isso porque a pluralidade de padrões de vida, de objetos 7️⃣ e hábitos de consumo obstaculiza, em última instância, bet20 casino expansão e seu aprofundamento (Castellani Filho, 2013).
Por outro lado, a unificação 7️⃣ internacional dos projetos ideológicos voltados à construção do consenso dos sistemas políticos de controle e repressão acompanha, também, a urgência 7️⃣ pela homogeneização da economia (Canclini, 1983).
Assim, a construção de referências para uma cultura global é, pois, ambição e condição para 7️⃣ a dilatação requerida pelo grande capital (Gonçalves, 1997).
Desse modo, não se pode pensar o desenvolvimento da cultura apartado de uma 7️⃣ determinada forma de produção material da vida social.
Nesse sentido, é fundamental ter claro que a cultura (superestrutura) não representa um 7️⃣ momento apartado do modo de produção (estrutura).
As manifestações culturais constituem, nessa direção, um espaço e tempo de incorporação de valores, 7️⃣ ideologias e práticas sociais que permitem sustentar, avalizar e, também, contrariar a lógica do capital (Portelli, 1977; Simionatto, 2003).
Foi com 7️⃣ base nesse entendimento que Gramsci (2011), a partir da análise do americanismo e fordismo, demonstrou as particularidades que o capitalismo 7️⃣ assumiu nos Estados Unidos após a eclosão da crise de 1929.
Para o autor, ocorreu o estabelecimento de uma nova morfologia 7️⃣ capitalista que não era apenas econômica, mas também política e ideológica.
Assim, Gramsci (2011) demostrou que para uma determinada forma de 7️⃣ produção há que existir elementos correspondentes no contexto da cultura.
Mesmo porque, na concepção do autor, é na esfera político-ideológica, ou 7️⃣ seja, no âmbito da superestrutura, que se trava – em última instância – a batalha decisiva entre as classes sociais.
Dentro 7️⃣ desse escopo, Jameson (1996), examinando a lógica cultural do capitalismo tardio2 – numa referência clara a Mandel (1982) –, argumenta 7️⃣ que a lógica cultural contemporânea se tornou integrada à produção de mercadoria em geral.
Em bet20 casino avaliação, "[...
] nosso presente histórico 7️⃣ é caracterizado precisamente pela fusão entre cultura e economia.
A cultura não é mais um domínio onde negamos os efeitos ou 7️⃣ nos refugiamos do capital, mas é bet20 casino mais evidente expressão" (Jameson, 2001, p.09).
A esfera da cultura, para ele, se expandiu 7️⃣ de forma a coincidir com a sociedade de consumo.
Nesse sentido, o cultural já não se limita às formas anteriores, tradicionais 7️⃣ ou experimentais, mas é consumido a cada momento da vida cotidiana, seja nas compras, nas atividades profissionais, nas várias formas 7️⃣ de lazer televisuais, na produção para o mercado e no consumo (Jameson, 2001).
Nessa direção, os bens culturais cingem a base 7️⃣ e superestrutura, produzindo significados e gerando lucros3.
Isso porque, conforme o próprio Jameson (2001), o capitalismo tardio depende, para seu bom 7️⃣ funcionamento, de uma lógica cultural, de uma sociedade de imagens voltada para o consumo.
A cultura é, então, campo de treinamento 7️⃣ onde se aprende as regras fundamentais do jogo contemporâneo – o jogo do consumo.
De maneira sintética, o autor assegura que 7️⃣ a produção e o consumo cultural de massa – no âmbito da globalização e inscrito no contexto das novas tecnologias 7️⃣ da informação – são, majoritariamente, produtos profundamente econômicos e totalmente integrados em seu sistema generalizado de mercantilização tais quais as 7️⃣ demais áreas produtivas do capitalismo tardio.
As assertivas desenvolvidas por Anderson (1999) corroboram com esse entendimento.
Para Anderson, a cultura expandiu-se a 7️⃣ ponto de se tornar praticamente coextensiva à própria economia.
Isso, não apenas como base sintomática de algumas das maiores indústrias do 7️⃣ mundo, mas de modo muito mais profundo, mesmo porque todo objeto material ou serviço imaterial se transforma, de forma inseparável, 7️⃣ uma marca trabalhável, ou produto vendável.Harvey (1993, p.
148) assevera que esse movimento tem relações claras com o modelo de acumulação 7️⃣ flexível4 implantada depois da crise de 1970.
Para ele, esse modelo de acumulação foi acompanhado por um tipo de consumo, atento 7️⃣ "[...
] às modas fugazes e pela mobilização de todos os artifícios de indução de necessidades e de transformação cultural que 7️⃣ isso implica".
Assim, a estética estável do modernismo fordista deu lugar a todo fermento, instabilidade e qualidades fugidias de uma estética 7️⃣ que celebra a diferença, a efemeridade, o espetáculo, a moda e a mercadificação de formas culturais5.
Uma contribuição de Harvey (1993, 7️⃣ p.
209) fundamental para essa discussão é aquela que aponta a vinculação desses processos com a necessidade – ante as crises 7️⃣ que afetam a reprodução ampliada do capital – de acelerar o tempo do giro do capital6 no consumo.
Para ele, é 7️⃣ essa necessidade que tem provocado a mudança de ênfase da produção de bens para a produção de eventos (como é 7️⃣ o caso dos espetáculos que tem um tempo de giro quase que instantâneo).
Isso decorre do fato de que "[...
] quanto 7️⃣ mais rápida a recuperação do capital posto em circulação, tanto maior o lucro obtido".
O efeito consequente disso é a aceleração 7️⃣ da atividade econômica e, em consequência, da vida social.
O autor assegura, então, que tais mecanismos podem estar na raiz da 7️⃣ rápida penetração capitalista, notada e apontada por Mandel (1982), Jameson (1996, 2001) e Anderson (1999), em diversos setores da produção 7️⃣ cultural a partir da década de 1970.
Isso, então, justificaria o comportamento recente da cultura que tende a funcionar de forma 7️⃣ simbiótica com a economia.
Mesmo porque a produção de mercadorias serve a estilos de vida que são criações da cultura e 7️⃣ até mesmo a alta especulação financeira que tem se apoiado em argumentos culturais.
A produção cultural, então, se tornou econômica, orientada 7️⃣ para a produção de mercadorias (Cevasco, 2010).
Bolaño (2000), de modo complementar, assevera que o espaço da cultura corresponde a um 7️⃣ campo fundamental para a concorrência oligopólica que se estabeleceu no mundo entre os diversos setores da indústria, do comércio e 7️⃣ das finanças.
Para ele, a cultura, circunscrita nesse complexo, vem cumprindo uma privilegiada função ideológica da qual a publicidade de produtos 7️⃣ é apenas um dos aspectos, uma vez que se constitui como espaços de acumulação para certos blocos do capital, valendo-se 7️⃣ como parte dos espaços das comunicações e dos canais utilizados para a circulação de diferentes fluxos que irrigam a economia 7️⃣ mundial: fluxos de mercadoria, dinheiro, informação e trabalho, já que pelos canais "[...
] onde circula o capital circulam também os 7️⃣ objetos culturais" (p.57-58).
Para Ianni, a cultura do capitalismo seculariza a produção cultural com o fim último de torná-la mercadoria, já 7️⃣ que é uma exigência da racionalização formal, pragmática, definida em fins e meios objetivos, imediatos e, por isso, esvaziada de 7️⃣ valores gerais e particulares.
Não obstante, ainda conforme Ianni (1997), o que está em curso é, pois, um novo ciclo de 7️⃣ ocidentalização da vida.
Esse novo ciclo recoloca o problema da mundialização da indústria cultural7, da expansão dos meios de comunicação de 7️⃣ massa e o desenvolvimento de uma cultura particular cujas características sejam capazes de mobilizar povos, nações e continentes.