São Paulo – A Operação Penalidade Máxima II, que investiga manipulação de resultados em partidas do campeonato brasileiro das séries 🍐 A e B ocorridas no ano passado vem causando abalos no mundo do futebol.
Na segunda-feira (9), o Ministério Público de 🍐 Goiás (MP-GO) denunciou 16 pessoas, incluindo sete jogadores.
De acordo com as investigações, atletas eram cooptados por uma organização criminosa para 🍐 assegurar resultados de jogos específicos, além de cometerem faltas, pênaltis e receberem cartões, beneficiando apostadores.
A organização também atuou quatro partidas 🍐 de campeonatos estaduais neste ano.
Os procuradores obtiveram prints de conversas de WhatsApp entre apostadores, jogadores e os responsáveis por arquitetar 🍐 as apostas fraudulentas.
"Há indícios de que as condutas previamente solicitadas aos jogadores buscavam possibilitar que os investigados conseguissem grandes lucros 🍐 em apostas realizadas em sites de casas esportivas, utilizando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros para aumentar os rendimentos", 🍐 afirmou a assessoria de imprensa do MP-GO.
Confira a lista de partidas em que o grupo atuou, segundo os investigadores:
Palmeiras x 🍐 Juventude (10.09.2022)
Juventude x Fortaleza (17.09.2022)
Goiás x Juventude (05.11.2022)Ceará x Cuiabá (16.10.2022)
Sport x Operário (PR) (28.10.2022)
Red Bull Bragantino x América (MG) 🍐 (05.11.2022)Santos x Avaí (05.11.2022)
Botafogo x Santos (10.11.2022)
Palmeiras x Cuiabá (06.11.2022)
Red Bull Bragantino x Portuguesa (SP) (21.1.2023)
Guarani x Portuguesa (SP) (08.02.2023)
Bento 🍐 Gonçalves x Novo Hamburgo (11.02.2023)
Caxias x São Luiz (RS) (12.02.2023)
Jogadores investigados
Na denúncia apresentada à Justiça, os procuradores requerem pelo menos 🍐 R$ 2 milhões em indenização por dano moral coletivo.
O valor se refere ao lucro que a quadrilha pretendia auferir em 🍐 um dos esquemas fraudulentos envolvendo o zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos.
Ele teria se comprometido a levar cartões em partidas do 🍐 Brasileirão do ano passado.
O jogador não cumpriu o acordo e recebeu ameaças de morte da quadrilha.
O time da Baixada Santista 🍐 anunciou o afastamento do jogador.
Conforme o processo, Bauermann teria aceitado proposta de R$ 50 mil para forçar um cartão amarelo 🍐 no jogo contra o Avaí, no dia 5 de novembro de 2022, e não cumpriu.
Para se redimir, teria prometido ser 🍐 expulso diante do Botafogo, cinco dias depois.
O zagueiro levou o vermelho, mas após o final da partida, o que não 🍐 é contabilizado nas casas de apostas.
A quadrilha combinava com os jogadores a ocorrência desses lances, e vendia a promessa a 🍐 apostadores, a quem chamavam de "investidores".
As apostas eram feitas pelo grupo em sites como Bet365.com e Betano.com.
Ao descumprir o combinado, 🍐 Bauermann passou a receber ameaças de morte dos apostadores, com cobranças para ressarcir a quadrilha, após perda milionária.
500 mil por 🍐 cartão
O São Bernardo, que disputa a Série C do Brasileirão, também anunciou, nesta quarta (10), o afastamento do volante Fernando 🍐 Neto.
Ele é investigado por suposta tentativa de aliciar Bauermann, quando o zagueiro santista ainda atuava pelo América (MG).
Além disso, quando 🍐 jogava pelo Operário (PR), Neto foi abordado por um homem chamado Bruno Lopez, o BL, que ofereceu R$ 500 mil 🍐 para que ele tomasse um cartão vermelho em partida contra o Sport, pela Série B, no ano passado.
O volante também 🍐 não conseguiu cumprir o prometido.
Cobrado por BL, apontado como um dos líderes da quadrilha, o volante se justificou: "olha as 🍐 faltas que fiz, só faltou eu agredir o árbitro pra acontecer alguma coisa", justificou.
Além de Bauermann e Neto, foram denunciados 🍐 os seguintes jogadores: Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport), Paulo Miranda (Náutico), Fernando Neto (São Bernardo) e 🍐 Matheus Gomes (Sergipe).
Afastados
Outros grandes clubes também afastaram preventivamente alguns jogadores.
Eles não foram denunciados, mas aparecem em conversas com membros da 🍐 quadrilha ou em planilhas como possíveis alvos do esquema.
O Cruzeiro, por exemplo, afastou o volante Richard.
No ano passado, quando ainda 🍐 defendia o Ceará, ele teria recebido um depósito de R$ 40 mil para receber cartão amarelo em partida contra o 🍐 Cuiabá.
O Fluminense também anunciou o afastamento do zagueiro Vitor Mendes.
Ele teria recebido R$ 5 mil, como parte do pagamento de 🍐 R$ 35 mil, para levar um cartão amarelo ano passado, quando ainda defendia o Juventude, em partida contra o Fortaleza.
O 🍐 Athletico Paranaense também afastou o lateral-esquerdo Pedrinho e o volante Bryan García.
Ambos aparecem numa planilha de apostadores ligados ao esquema.
Apesar 🍐 das denúncias, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, disse hoje que não pretende paralisar as Séries A 🍐 e B do Campeonato Brasileiro.
Em entrevista ao portal UOL, ele afirmou que a CBF "não tem poder de polícia e 🍐 Justiça", e espera "rigor" nas apurações.
"Não temos como suspender a competição.
Não é (acusação) de um dirigente, não é de um 🍐 presidente de clube, não é de um árbitro.
Isso está sendo de atletas".
CPI das bets
Os esquemas de manipulação de resultados envolvendo 🍐 sites de apostas também serão tema de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara.
A previsão é que a comissão 🍐 deve começar a funcionar já na semana que vem.
O deputado Felipe Carreras (PSB-PE) requereu a instalação da comissão ainda com 🍐 base na primeira fase da Operação Penalidade Máxima, deflagrada em fevereiro.
Para Guilherme Boulos (Psol-SP), a falta de regulação dos sites 🍐 de apostas está na origem do escândalo atual envolvendo o futebol.ESQUEMABET.
Quem diria que a falta de regulamentação de apostas online 🍐 geraria corrupção até mesmo entre os jogadores de futebol? É assim que o mercado "resolve".
Precisamos pôr ordem nesse absurdo! - 🍐 Guilherme Boulos (GuilhermeBoulos) May 10, 2023
De acordo com levantamento do jornal O Globo, o setor de apostas esportivas no Brasil 🍐 movimenta cerca de R$ 150 bilhões por ano – "mas opera praticamente 100% na informalidade, sem pagar impostos".
O governo federal 🍐 estima que o setor invista cerca R$ 3 bilhões anualmente, em patrocínios e publicidade por ano, entre camisas de times, 🍐 placas de campeonatos e espaços na mídia.
Praticamente todos os clubes da Brasileirão são patrocinados por casas de apostas.
A Betano, uma 🍐 das maiores, inclusive é a principal patrocinadora da Série B do Brasileirão, dando nome ao campeonato.
Regulamentação
Nesse sentido, o Ministério da 🍐 Fazenda também vem preparando uma medida provisória que pretende regular o funcionamento econômico dessas empresas.
A expectativa é arrecadar até R$ 🍐 15 bilhões com a tributação das apostas online.
A CPI, por outro lado, além de investigar os casos de manipulação, também 🍐 deverá apresentar recomendações para limitar a influência dessas plataformas, de modo a preservar a credibilidade das competições esportivas.
De acordo com 🍐 a Associação Brasileira de Defesa da Integridade do Esporte (Abradie), que representa a indústria de apostas, as denúncias afetam negativamente 🍐 as casas de apostas e os clubes de futebol.
Em entrevista ao jornal esportivo Lance!, o diretor da Abradie Guilherme Buso 🍐 disse que o combate à manipulação dos resultados passa por "diferentes caminhos, que vão desde a colaboração entre os atores 🍐 à regulamentação das apostas esportivas".
Segundo ele, relatórios mostram que o Brasil é o lugar com mais alertas de suspeitas de 🍐 manipulação no primeiro trimestre deste ano.
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