O Ministério Público de Goiás (MP-GO) apura uma suposta série de manipulações de partidas de futebol em todo o Brasil.
Segundo ♣ as investigações, há indícios de irregularidades em confrontos das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022 e de ♣ torneios estaduais deste ano.
LEIA TAMBÉM:
O suposto esquema se valia de apostas em sites esportivos, com uma suposta quadrilha aliciando atletas ♣ profissionais para que praticassem determinados atos durante os jogos, como tomar cartões amarelos ou vermelho e, assim, os apostadores conseguissem ♣ um retorno garantido.
Como funciona o suposto esquema
Ainda de acordo com as investigações do Ministério Público, o grupo criminoso aliciava jogadores ♣ para que eles manipulassem situações de jogo e, assim, os integrantes da organização garantissem o resultado das suas apostas esportivas.
As ♣ casas de apostas funcionam com cota fixa.
Isso é: o apostador investe um valor em um determinado evento de uma partida ♣ (desde quem vencerá até quantos gols um jogador vai marcar ou quantos escanteios terão).
Esse valor apostado tem um lucro já ♣ pré-determinado, previsto no momento da aposta.
Os criminosos aliciam atletas para que façam determinada ação.
Nos casos revelados pelo MP-GO, via de ♣ regra, os atletas combinavam com os aliciadores que receberiam cartões amarelos ou vermelhos, além de cometerem pênaltis.
As ofertas giravam em ♣ torno de R$ 150 mil para cada atleta, com o pagamento de um "sinal" entre R$ 10 e R$ 50 ♣ mil quando o jogador aceitava a proposta.
Como começou a investigação
Em fevereiro de 2023, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ♣ ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-GO cumpriu uma série de mandados de busca e apreensão no âmbito da investigação que ♣ apurava o aliciamento de atletas para fraudar situações de jogos de futebol e garantir o lucro de apostadores esportivos.
As investigações ♣ do MP-GO começaram após o presidente do Vila Nova, clube de Goiás, rescindir o contrato do atleta Romário.
Segundo o presidente ♣ do clube, Hugo Jorge Bravo, o jogador aceitou receber R$ 150 mil para cometer um pênalti na partida contra o ♣ Sport, na última rodada do Campeonato Brasileiro da Série B de 2022.
Como adiantamento pelo acordo, Romário recebeu R$ 10 mil.
Como ♣ não foi relacionado para disputar a partida, Romário tentou convencer outros companheiros de equipe para que entrassem no esquema, o ♣ que acabou chegando ao conhecimento do presidente do clube.
Inicialmente, as investigações apontavam que o grupo criminoso atuou em três jogos ♣ da última rodada do Campeonato Brasileiro da Série B de 2022: Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio ♣ Corrêa x Londrina.
Em março deste ano, a Justiça acatou a primeira denúncia do Ministério Público e oito jogadores se tornaram ♣ réus, além de seis outras pessoas que integravam o núcleo de apostadores.
O momento atual das investigações
Com as informações colhidas na ♣ primeira fase da operação, o MP de Goiás deflagrou a segunda fase em abril deste ano, um desdobramento da ação ♣ inicial.
As suspeitas se expandiram para 13 partidas: oito da série A, uma da Série B, e quatro de Campeonatos Estaduais ♣ de 2023: duas do campeonato paulista e duas do campeonato gaúcho.
Na última terça-feira (9), a Justiça também aceitou a denúncia ♣ do MP-GO e tornou réu 16 investigados, sendo sete deles atletas profissionais de futebol.
Na denúncia da Operação Penalidade Máxima II, ♣ o Ministério Público apresenta uma série de troca de mensagens de texto e de áudio entre os aliciadores e os ♣ atletas, com combinações para manipulação de eventos esportivos e ameaças por descumprimento dos acordos.
Nesta segunda fase das investigação, o órgão ♣ estadual pede à Justiça, além da condenação dos réus, uma reparação por dano moral coletivo no valor de R$ 2 ♣ milhões.
Pelas redes sociais, o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta quarta-feira (10) que a Polícia Federal ♣ também vai investigar o esquema de manipulação.
A decisão foi tomada após um pedido da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
"Diante dos ♣ indícios de manipulação de resultados em competições esportivas, com repercussão interestadual e até internacional, estou determinando hoje que seja instaurado ♣ Inquérito na Polícia Federal para as investigações legalmente cabíveis", escreveu o ministro.
Quais possíveis crimes dos jogadores atletas
Nas duas denúncias aceitas ♣ pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), o MP aponta que os atletas teriam descumprido os artigos 41-C ou 41-D ♣ previstos no Estatuto do Torcedor.
Os dois artigos da lei 10.
671 preveem pena de dois a seis anos de prisão, além ♣ de multa.
41-C: Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para ♣ qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado;
41-D: Dar ♣ ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva ♣ ou evento a ela associado;
Site de apostas é proibido no Brasil?
Desde 2018, os sites de apostas têm permissão para atuar ♣ no Brasil - desde que hospedados em fora do país.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda ♣ uma Medida Provisória para regulamentação da atividade, prevendo novas leis e taxação específica.
"Não é justo não tributar uma atividade que ♣ muitas pessoas nem concordam que exista no Brasil.
Se é uma realidade no mundo virtual nada mais justo que a Receita ♣ tributar", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Tanto os sites de apostas esportivas, quanto os clubes, são tratados como vítimas ♣ pelo Ministério Público.
Lista de partidas e jogadores envolvidos
Ao todo, 15 jogadores e 16 partidas constam nas denúncias do Ministério Público ♣ de Goiás.
Veja as listas abaixo:Jogadores
Eduardo Bauermann (Santos)
Gabriel Tota (Ypiranda-RS)
Victor Ramos (Chapecoense)Igor Cariús (Sport)
Paulo Miranda (sem clube)
Fernando Neto (São Bernardo)
Matheus Gomes ♣ (sem clube)
Romário (ex-Vila Nova)
Gabriel Domingos (Vila Nova)Joseph (Tombense)
Matheusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje Cuiabá)
Allan Godói (Sampaio Corrêa)
André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje Ituano)
Ygor ♣ Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje Sepahan-Irã)
Paulo Sérgio (ex-Sampaio Côrrea, hoje Operário-PR).
Partidas