Dois milhões de crianças e adolescentes de 11 a 19 anos não estão frequentando a escola no Brasil, alerta UNICEF.
Esse é um número alerta para a necessidade de se pensar a Educação de uma forma diferente em nosso país.
Realizada em agosto de 2022, ouvindo meninos e meninas de todas as regiões do País, a pesquisa mostra que a exclusão escolar afeta principalmente os mais vulneráveis.
No total, 11% dos entrevistados não estão frequentando a escola, sendo que, na classe AB, o percentual é de 4%, enquanto, na classe DE, chega a 17% – ou seja, é quatro vezes maior.
O trabalho infantil e dificuldades de aprendizagem são apontados como os principais motivos da evasão escolar.
Depois de consumir todos esses dados, vocês devem estar se perguntando: onde entra o esporte?
O esporte tem o poder de transcender barreiras sociais e desempenhar um papel fundamental na promoção da inclusão.
Por meio de práticas esportivas, é possível atingir metas importantes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Agenda 2030.
A ideia deste artigo é explorar como o esporte pode contribuir para os ODS 3, 4 e 8, que abrangem, respectivamente, saúde e bem-estar, educação de qualidade e trabalho decente e crescimento econômico.
Promovendo a saúde
O esporte desempenha um papel vital na promoção da saúde e no bem-estar das pessoas.
A prática regular de atividades físicas proporciona benefícios significativos, tanto físicos quanto mentais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a inatividade física é um dos principais fatores de risco para doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares.
Além disso, o Brasil é o país mais sedentário da América Latina e ocupa a quinta posição no ranking mundial.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 47% dos brasileiros são sedentários.
Já entre os jovens o número é maior e ainda mais alarmante: 84%.
Ou seja, através da participação em atividades esportivas, as pessoas podem reduzir esses riscos e melhorar brasileirao 2024 serie b qualidade de vida.
Além disso, o esporte promove a inclusão social ao proporcionar oportunidades iguais para todos.
Ele pode ser praticado por pessoas de diferentes idades, habilidades e origens sociais, promovendo a coesão e a interação social.
Iniciativas que promovem a prática esportiva, especialmente em comunidades menos favorecidas, ajudam a combater a desigualdade e a exclusão, garantindo que todos tenham acesso aos benefícios da atividade física.
Na Fundação Tênis, ONG que promove há mais de 22 anos o esporte como ferramenta de transformação social, foi perceptível ao longo dos anos que a melhora dos alunos não só acontecia apenas na frequência e relações escolares, mas também é possível por meio do esporte ter um desenvolvimento cognitivo, emocional e socioeducacional muito acima da média das demais crianças e adolescente em situação de vulnerabilidade social.
A educação também entra em pauta
O esporte também desempenha um papel relevante na promoção da educação de qualidade.
Ele pode ser utilizado como uma ferramenta pedagógica para ensinar habilidades importantes, como trabalho em equipe, respeito mútuo, disciplina e liderança.
Estudos mostram que crianças que participam de programas esportivos têm maior probabilidade de permanecer na escola, desenvolver habilidades cognitivas e melhorar seu desempenho acadêmico.
Além disso, o esporte proporciona oportunidades de aprendizado não formal, estimulando o desenvolvimento de competências sociais e emocionais, como autoconfiança e resiliência.
Por meio de programas educacionais que combinam esporte e aprendizado, é possível engajar os jovens de maneira significativa, aumentando suas perspectivas futuras e reduzindo as desigualdades.
Quando o aprendizado gera renda
O esporte também contribui para a promoção do trabalho decente e o crescimento econômico, conforme estabelecido no ODS 8.
A indústria do esporte cria uma ampla gama de oportunidades de emprego, desde atletas profissionais até técnicos, gestores esportivos, profissionais de saúde e fitness, entre outros.
Essa diversidade de setores relacionados ao esporte gera empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia.
Poucas pessoas sabem, porém, o esporte conta com uma fatia considerável do PIB nacional, correspondendo cerca de 2%, a tendência é de que até 2025, esse número possa chegar até a 5% de acordo com dados do IBGE.
Além disso, o esporte pode ser uma ferramenta eficaz para a inclusão de grupos marginalizados no mercado de trabalho.
Iniciativas como programas de treinamento e capacitação profissional voltados para atletas aposentados, pessoas com deficiência ou jovens em situação de vulnerabilidade podem fornecer habilidades transferíveis, aumentar a empregabilidade e promover a inclusão social e econômica.
A promoção do esporte também estimula o turismo esportivo, que contribui para o desenvolvimento econômico de regiões e países.
A realização de eventos esportivos atrai visitantes, gera receitas e estimula o setor de serviços, como hospedagem, alimentação e transporte.
Essas atividades impulsionam a economia local, criando oportunidades de emprego e fortalecendo as comunidades.
A hora de mudar é agora
O esporte é uma poderosa ferramenta de inclusão social que contribui para a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 3, 4 e 8 da Agenda 2030.
Através da promoção da saúde e do bem-estar, a educação de qualidade e o trabalho decente, o esporte pode transformar vidas, superar desigualdades e impulsionar o desenvolvimento sustentável.
Na Fundação Tênis, as ações voltadas para o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens estão em constante transformação e melhoria contínua.
O trabalho da instituição é atualmente dividido em três programas, com mais de 2.
400 atendidos mensalmente: Esporte Educacional, Educação Profissional e Realizando Sonhos.
No programa Esporte Educacional, o objetivo da Fundação é promover o desenvolvimento integral dos alunos participantes através da prática esportiva do tênis, com base pedagógica a partir dos valores educacionais do Olimpismo.
Para participar do projeto é necessário que as crianças e adolescentes estejam matriculados e frequentem a rede pública de ensino.São mais de 2.
200 alunos atendidos em núcleos nas cidades de Porto Alegre, Sapiranga, Igrejinha, Charqueadas, e Sapucaia do Sul no Rio Grande do Sul; Florianópolis, em Santa Catarina; Congonhas, Itabirito, Divinópolis e Belo Vale, em Minas Gerais; e Santana de Parnaíba, Mogi das Cruzes, Jacareí, Jundiaí, São José dos Campos, e São Paulo, em São Paulo.
Já o programa Educação Profissional visa a formação técnica e profissional de jovens através de cursos diferenciados, trazendo abordagem inovadora para que os aprendizes desenvolvam competências fundamentais, cognitivas e sociais, para atuação no mundo do trabalho.
Fazem parte deste programa os projetos Jovem Aprendiz e Desenvolvendo Competências para o Mundo do Trabalho.
Já foram mais de 450 jovens encaminhados para o mundo do trabalho.
Atualmente, são mais de 190 jovens em desenvolvimento profissional.
O Realizando Sonhos é um programa que desenvolve ações e projetos voltados à formação da cidadania e de lideranças.
Um exemplo de atividade em desenvolvimento é a aplicação dos Temas Contemporâneos Transversais nas aulas dos demais programas da instituição.
Para maximizar o impacto do esporte como ferramenta de inclusão social, é necessário investir em infraestrutura esportiva acessível, programas educacionais que integrem o esporte e a aprendizagem, e oportunidades de emprego relacionadas ao setor esportivo.
É fundamental também promover a igualdade de gênero e a participação de grupos marginalizados, garantindo que todos tenham acesso igualitário aos benefícios do esporte.
Só com esse entendimento é que veremos os números trazidos ao longo desse artigo melhorados.
Portanto, é necessário o compromisso contínuo de governos, organizações esportivas, setor privado e sociedade civil para criar um ambiente propício ao uso do esporte como uma ferramenta eficaz de inclusão social.
Somente através desses esforços conjuntos poderemos alcançar uma sociedade mais equitativa, saudável e próspera para todos.
Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.
Matheus Caporal Matheus é jornalista formado pela PUCRS, analista de marketing pelo SENAC e já desenvolveu, junto à Caporal Conteúdo (empresa que fundou em 2018), trabalhos voltados para a melhora da presença digital em mais de 50 empresas.
É coordenador e responsável pela comunicação da Fundação Tênis desde 2018.
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