AL Ana Luiza Moraes*
(crédito: /Maurenilson Freire )
Todos sabem que o "cambismo" - nome informal para descrever a ação de pessoas 💲 que compram vários ingressos de eventos esportivos e culturais para revendê-los a um preço bem mais alto, em geral quando 💲 as bilheterias estão esgotadas - consiste em crime.
Mas nesta era de conectividade, fica cada vez mais difícil para os cidadãos 💲 perceberem quando seus direitos são violados.
Sobretudo com o surgimento, a cada dia, de mais e mais cambistas digitais.
De acordo com 💲 o Código de Defesa do Consumidor (CDC), a venda de ingressos a preços justos é um direito dos consumidores.
Deve, portanto, 💲 ser respeitada.
Na última semana, diversos conflitos relacionados à ação de cambistas ocorreram durante a compra de ingressos para os shows 💲 da cantora norte-americana Taylor Swift.
Em minutos, os ingressos na plataforma oficial ficaram esgotados e começaram a ser oferecidos para venda 💲 em sites não oficiais.
Estima-se que cerca de 10 mil deles foram comprados por cambistas.
Notícias e tweets divulgaram que alguns ofereceram 💲 tais bilhetes em sites paralelos e até em redes sociais por mais de R$ 5 mil - quase cinco vezes 💲 o valor do ingresso mais caro originalmente oferecido.
Frustração
Isabelle Moreira, 22, relatou brazino paga mesmo frustração com as plataformas que intermediam a compra 💲 de ingresso e disse que muitas não estão preparadas para o grande fluxo de pessoas.
"Foi noticiado nos portais que diversos 💲 cambistas furaram o lugar dos fãs.
É extremamente frustrante isso, porque você quer ver o seu artista.
Tem gente que vai acampar 💲 na fila, que vira a noite, mesmo quem não vai presencialmente", desabafou.
"Não dá pra dizer ao certo o que eles 💲 fazem, mas acabam conseguindo tirar essa vantagem para, depois, vender os ingressos por preços absurdos.
Pegar mil computadores para tentar ver 💲 um artista e na hora não conseguir porque tem um marmanjo que quer lucrar em cima disso é muito ruim", 💲 afirmou a moradora do Sudoeste.
Para a advogada Vanessa Raquel Santos, especialista em Direito Civil e do Consumidor, a prática é 💲 criminosa, uma vez que os cambistas utilizam da facilidade da tecnologia e das redes sociais para se aproveitar do desejo 💲 e da vulnerabilidade do consumidor.
Assim, eles compram ingressos do próprio fornecedor e depois revendem com valores extremamente elevados, falsificam ou 💲 até anunciam ingressos que não existem.
O Estatuto do Torcedor-Consumidor, em seus artigos 41-F e 41-G, proíbe o fornecimento, o desvio 💲 e a facilitação da distribuição de ingressos para venda por preço superior ao estampado no bilhete.
Segundo a advogada, a previsão 💲 legal vale também para eventos como festas e shows, e não apenas para ingressos esportivos.
Maria Clara de Sá, 23, contou 💲 que se preparou para a abertura da venda dos ingressos para os shows de Taylor, mas de nada adiantou.
"Eu já 💲 sabia que a demanda ia ser muito grande.
Estava super ansiosa, sabia que ia esgotar rápido", relatou.
Ela se preparou o máximo 💲 que pôde, acompanhando nas redes dicas para conseguir um lugar bom na fila e criou um grupo com os amigos 💲 para aumentar o número de dispositivos.
"Estava com quase 10 dispositivos.
No dia, às 10h, quando abriram as vendas, conseguimos várias senhas.
A 💲 menor era 27 mil, mas em 7 minutos, esgotaram-se os ingressos.
Uma amiga pegou a senha 2060 e na vez dela 💲 já estava tudo esgotado", reclamou, chateada.
"Não é sempre que um artista vem para o Brasil.
Era muita ansiedade e acabou que 💲 ninguém do grupo conseguiu comprar o ingresso", reclamou.
Cautela
Vanessa Santos disse que costuma orientar as pessoas a adquirir ingressos apenas de 💲 fornecedores oficiais ou revendedores autorizados.
"Não comprem de desconhecidos, porque se tiver qualquer problema, o CDC não poderá amparar o consumidor 💲 nas garantias de eventual cancelamento, remarcação e reembolso integral", explicou.
"Dessa forma, aquele que adquire ingressos de cambistas pode se tornar 💲 refém de uma prática ilegal com prejuízos irreparáveis", completou.
O consumidor que compra ingressos de cambistas não comete crime, mas incentiva 💲 a prática abusiva, que burla as condições e garantias que a lei estabelece para a venda de ingressos.
"Quem compra nessas 💲 situações se expõe aos riscos e descaracteriza as relações de consumo respaldadas pelo CDC, que proíbe tais práticas e resguarda 💲 o consumidor", alertou a advogada.
Caso seja percebida alguma prática abusiva ou irregular, é possível formalizar uma reclamação perante o Procon 💲 local, órgão de defesa do consumidor responsável por fiscalizar e notificar as empresas que organizam os eventos e comercializam os 💲 ingressos.
Foi o que aconteceu no caso das vendas para os shows da Taylor Swift: após diversas reclamações de consumidores, o 💲 Procon-SP notificou a empresa responsável pela comercialização dos ingressos para apresentar explicações sobre os problemas nas vendas.
A partir dessas denúncias 💲 e notificações, caberá à empresa esclarecer e comprovar como se deu a disponibilidade e as condições de venda dos ingressos.
Se 💲 necessário, o Procon poderá ajustar medidas que favoreçam as relações de consumo, evitando riscos e mais prejuízos ao consumidor por 💲 vendas irregulares.
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