Com apenas 23 anos, Ayesha é a primeira brasileira a alcançar o topo da maior montanha do mundo Arquivo pessoal/Instagram.
Conheci 5️⃣ a Ayesha pessoalmente no dia da entrevista, mas a minha sensação foi de conhecê-la há muito mais tempo, talvez pelos 5️⃣ amigos em comum.
O nome dela sempre acabava surgindo quando o assunto era montanha.
Ouvir casa de apostas esports experiência com montanha no auge dos 5️⃣ seus 23 anos(!) foi um baita presente para os meus 30.
Formada em dança pela Unicamp e filha única, realmente não 5️⃣ foi difícil encontrar pontos comuns aos meus.
Sou ex-bailarina e também filha única.
Em maio desse ano, Ayesha se tornou a mais 5️⃣ jovem brasileira a chegar ao cume do monte Everest, a maior montanha do mundo com 8.
848 metros de altitude.
O Everest 5️⃣ chegou na vida de Ayesha antes, aos 15 anos, quando foi acompanhar os pais, Lyss e Renato, no famoso trekking 5️⃣ até o campo base.
Pode soar estranho, mas Ayesha demorou para entender tudo que aquela marcante viagem iria lhe proporcionar.
Foi voltando 5️⃣ dessa viagem para o Nepal que Ayesha decidiu abraçar o projeto dos 7 cumes.
A vivência na montanha foi realmente marcante, 5️⃣ o gatilho que faltava para despertar a montanhista que existia dentro dela.
Kilimanjaro, Elbrus, Aconcaguá, Denali e outras montanhas estão no 5️⃣ currículo da jovem montanhista.
Foi num final de semana de piscina e troca de ideias com o pai, Renato, que o 5️⃣ Everest deixou de ser um sonho e se tornou realidade.
A batida de martelo aconteceu em novembro de 2017, a saída 5️⃣ da expedição aconteceria em abril de 2018.
Numa ligação para a amiga, a guatemalteca Andrea Cardona, primeira sul americana a subir 5️⃣ o Everest, o choque de realidade: a preparação física para o grande desafio.
Como o tempo era curto, o treinamento teria 5️⃣ que ser pesado.
E assim foi até o embarque para a expedição.
Uma expedição ao cume do Everest dura quase 2 meses! 5️⃣ A expedição de Ayesha chegou ao Nepal no final de março e só atingiu o topo mais alto do mundo 5️⃣ no dia 20 de maio.
Mas antes do cume, ainda tem muita história.
Tudo começa na capital do Nepal, Kathmandu, onde as 5️⃣ expedições fazem os últimos ajustes antes pegarem o voo até Lukla, o ponto de partida para o trekking.
A expedição de 5️⃣ Ayesha fez a caminhada até o campo base em 9 dias.
Durante a caminhada Ayesha reviveu momentos e lembranças daquele primeiro 5️⃣ trekking, quando tinha apenas 15 anos.
Ayesha, Renato - o pai e Carlos - o guia.
Arquivo Pessoal/Instagram ayeshazangaro
Quando pergunto a ela 5️⃣ a sensação de chegada ao campo base seus olhos brilham.
"Foi como chegar em casa".
De fato, o campo base seria a 5️⃣ "casa" da família Zangaro pelos próximos meses.
Tornar um lugar, lar, traz a tona sensações antes desconhecidas.
Ayesha me conta que se 5️⃣ surpreendeu com a emoção do pai ao chegar no campo base e que se emocionou com a Puja, cerimônia de 5️⃣ permissão e proteção para a subida ao Everest.
Estar na maior montanha do mundo é para poucos e ela sabia disso.
Ayesha 5️⃣ tem os pés no chão.
Ela me diz algumas vezes durante a entrevista que ainda é difícil acreditar em tudo que 5️⃣ ela viveu.
Parece não acreditar que conquistou o topo do mundo.
Humildade é uma característica admirável no ser humano.
Até atingir o topo 5️⃣ teve organização de equipamento, escalada e cascata de gelo, ciclos de aclimatação, barulhos constantes de avalanches, contagem regressiva, choro, hormônios 5️⃣ desregulados, tempestade de raios, medo do escuro e outros tantos medos.
Penso: ela só tem 23 anos! E me lembro que 5️⃣ mulheres maravilhosas não usam capas, às vezes elas são bailarinas que sobem montanhas.
Pergunto para Ayesha em qual momento ela sentiu 5️⃣ mais medo: "Atravessar as gretas.
O lugar parece estar vivo.
Muita gente já morreu ali, é uma energia pesada".
O agravante? "Precisa ser 5️⃣ atravessado na madrugada, antes do sol nascer.
Ali aparecia com mais intensidade o meu medo de escuro".
Ayesha teve que passar pelas 5️⃣ gretas algumas vezes, justamente por conta dos ciclos de aclimatação.
Ayesha tinha bons aliados na expedição, Renato, o pai, um guia 5️⃣ experiente, Carlos Santalena, que até então, era o mais jovem brasileiro a subir o Everest, e a mãe, Lyss, que 5️⃣ ficou no campo base durante toda a expedição.
Provavelmente sem o apoio de cada um deles, a subida ao topo do 5️⃣ mundo não seria a mesma.Convivência.
Pergunto para Ayesha como foi conviver com os pais na montanha por tanto tempo.
"A montanha nos 5️⃣ une.
Seja nos assuntos cotidianos ou em alguma expedição.
Apesar de morar com os meus pais, no dia a dia nossos horários 5️⃣ são bem diferentes, então não existe uma convivência tão intensa.
Na montanha temos oportunidade de realmente ter rotina".
A convivência intensa traz 5️⃣ diferenças a tona, Ayesha me conta que ela e Renato tem posicionamentos muito diferentes e que sempre acaba gerando alguma 5️⃣ discussão, mas a montanha aflora o entendimento, a paciência e o cuidado com o outro.
Uma expedição como essa exige um 5️⃣ preparo não só físico, mas mental e emocional.
Aceitar um desafio como esse é ter plena consciência que zona de conforto 5️⃣ é um termo inexistente no vocabulário.
É ir sabendo que quando voltar, não será mais a mesma pessoa.
Mas o Everest é 5️⃣ realmente tudo isso que dizem? Pergunto eu.Ayesha suspira.
"É uma sensação de quase morte na verdade.
É uma luta para sobreviver, uma 5️⃣ sensação de sufocamento.
Você vai para o extremo, são dois meses longe de todas as referências que tem na vida.
É muito 5️⃣ tempo no perrengue e no desconforto.
A intensidade aparece não só nas avalanches, mas em cada minuto do dia.
É um desgaste 5️⃣ absurdo".
Seus olhos brilham ainda mais, "Mas vale muito a pena!".
É, Ayesha, eu imagino que valha mesmo.
"Um dia de cada vez", 5️⃣ Carlos Santalena, o guia, reforçou isso durante a expedição toda, e parece que isso marcou muito Ayesha.
Foi a frase que 5️⃣ ela mais falou durante toda a entrevista.
Ela me conta que tinham dias que eram 13, 14 horas para ir de 5️⃣ um acampamento a outro.
Foram 7 horas para passar pela cascata de gelo.
O ataque ao cume levou aproximadamente 12h! É planejamento, 5️⃣ mas também é ter inteligência emocional para lidar com as adversidades de um ambiente tão extremo e selvagem.
Eu sempre imaginei 5️⃣ que o dia anterior ao ataca ao cume fosse de muita ansiedade, bem, não existe ansiedade, existe desgaste, físico e 5️⃣ Mental.
Ayesha me conta que o ataque ao cume foi a pior noite da casa de apostas esports vida, já que teria que passar 5️⃣ a noite toda escalando.
"Quando eu soube que sairíamos as 19h, eu desabei.
O medo do escuro e de morrer congelada vieram 5️⃣ a tona".
"Começou o ciclo de consciência e desistência.
Eu queria muito estar ali, mas me perguntava o tempo todo o por 5️⃣ que estava fazendo aquilo comigo.
Pensei em desistir inúmeras vezes".
E logo depois de contar sobre a quase desistência ela me conta 5️⃣ sobre essa foto aqui.
O Himalaia com a sombra do Everest projetada no nascer do sol.
Ela abre um sorriso, eu também.
"É 5️⃣ uma mistura de sonho com anestesia, Ju".
Eu acredito, Ayesha.
Mas a extrema natureza, além de ser bela, também traz a sensação 5️⃣ de quase morte.
Sensação essa compartilhada com o pai.
Um detalhe da máscara de oxigênio de Ayesha havia caído antes do ataque 5️⃣ ao cume, e o detalhe que parecia superficial, trouxe preocupação.
O pedaço que faltava deixava uma parte da máscara exposta ao 5️⃣ vento e fazia com que uma parte do oxigênio vazasse.
Faltava cerca de meia hora para atingirem o cume.
O pai, vendo 5️⃣ o perrengue da filha, entrou em ação.
"Ele foi me empurrando pela mochila".Super-Renato!
Ayesha chegou ao cume do Everest com metade do 5️⃣ oxigênio que deveria ter.
O Super-Renato Arquivo Pessoal/Instagram ayeshazangaro
"Eu cheguei e sentei.
Estava acabada, tremendo, anestesiada, mal acreditava que estava lá.
Dizem que 5️⃣ dá para ver a curvatura da terra lá de cima, eu não vi nada.
Eu estava no modo sobrevivência e ainda 5️⃣ não tinha noção do meu feito.
Era a minha cabeça brigando com o meu corpo."
Já no acampamento e trazendo para a 5️⃣ realidade o topo do mundo, tudo fez ainda mais sentido.
"Um dia de cada vez, o flow, a perspectiva de problemas 5️⃣ mundanos, ficar presa a um situação ruim.
A sensação de quase morte, é na verdade, vida! Muda toda e qualquer perspectiva", 5️⃣ me conta Ayesha.
"Atingir o cume foi expandir um limite.
E os nossos limites são muito maiores do que a gente pensa.
Criei 5️⃣ consciência que me entreguei com muita facilidade para problemas e situações que eram tão pequenos, mas aos meus olhos se 5️⃣ tornaram gigantes".
A mudança de perspectativa trouxe para Ayesha um jeito diferente de lidar com as frustrações.
Tudo se tornou mais leve, 5️⃣ claro e muito mais verdadeiro.
Isso inclui a vontade de voltar.
"Eu mal tinha chego ao campo base e já estava querendo 5️⃣ viver tudo de novo".
Finalizo a entrevista querendo saber como foi atingir o topo do mundo com o pai, "Nós somos 5️⃣ um.
Não existe eu ou ele, somos nós.
Nós chegamos ao cume.
Nós fizemos a expedição.
Nós expandimos nossos limites".
É Ayesha, com toda certeza 5️⃣ do mundo - junto com essa, que você trouxe do topo, não tenho como discordar que juntos somos melhores e 5️⃣ mais fortes.
Juntos criamos raízes e construímos legados.
Renato e Lyss, obrigada por deixarem no mundo uma filha que faz da montanha 5️⃣ um verdadeiro espetáculo de dança e inspiração.
Por um mundo onde mais mulheres possam ser bailarinas aventureiras.
Aliás, por um mundo onde 5️⃣ mulheres possam ser tudo aquilo que elas quiserem ser.
Fonte: Juliana Manzato
