São Paulo
Modelo que existe desde 1997 e garante ao comprador a totalidade dos jogos do Campeonato Brasileiro da Série A, 📉 o pay-per-view da Globo vive ameaça de não entregar o mesmo serviço a partir do ano que vem.
Sem acordo com 📉 Palmeiras, Bahia e Atlético-PR para os direitos de transmissão do Nacional de 2019 a 2024, a Globo não conseguirá garantir 📉 100% dos jogos para os clientes que comprarem o pay-per-view já no torneio de 2019.
Atlético-PR x Palmeiras, na Arena da 📉 Baixada, pelo Campeonato Brasileiro de 2018: os clubes são dois dos três da Série A que ainda não acertaram com 📉 a Globo os direitos de transmissão a partir do ano que vem - Geraldo Bubniak--06.mai.2018/AGB/Folhapress
Além do trio, a emissora ainda 📉 não fechou acordo com equipes que estão na Série B e podem subir para a elite em 2019, como Coritiba, 📉 Criciúma, Fortaleza, Guarani, Paysandu e Sampaio Corrêa- parceiros do Esporte Interativo na TV fechada -, além de Boa Esporte, CSA, 📉 Juventude, São Bento e Oeste, que ainda não acertaram com ninguém em nenhuma plataforma.
Hoje, a mensalidade média do serviço de 📉 pay-per-view custa cerca de R$ 100, dependendo do pacote, e varia de acordo com a operadora.
A Globo não fala em 📉 números de assinantes.
A Folha apurou que são por volta de 2 milhões por ano, entre os mensalistas e as compras 📉 avulsas dos pacotes.
Dirigentes dos clubes ouvidos pela Folha acreditam que podem se unir e quebrar o sistema de transmissão, causando 📉 um colapso no pay-per-view da Globo.
"Bahia, Atlético-PR e Coritiba não negociaram e não veem perspectivas de negociar TV aberta e 📉 pay-per-view para 2019.
Portanto, considerando que os três clubes estejam na Série A em 2019, haverá uma redução próxima de 30% 📉 dos jogos exibidos no pay-per-view", diz Guilherme Bellintani, presidente do Bahia, à Folha.
A Lei Pelé estabelece que os direitos de 📉 transmissão dos jogos pertencem aos dois times envolvidos.
Assim, caso a Série A de 2019 tenha três times sem contrato com 📉 a Globo, a emissora não poderia transmitir 108 dos 380 jogos (28% do total).
Se forem quatro clubes, seriam 140 partidas 📉 (37%).
Essa redução é a principal arma dos times que ainda não fecharam com a Globo para barganhar fatias maiores dos 📉 contratos do pay-per-view.
A apuração da Folha é que alguns desses clubes acreditam que a Globo subfatura o que paga a 📉 eles em direitos de transmissão.
Responsável pelas negociações com os clubes, Fernando Manuel Pinto, da Globo, acredita que o que é 📉 oferecido pela Globo aos times é justo.
"Esse modelo que temos hoje não prejudica a exibição e remuneração dos clubes em 📉 TV aberta e fechada e ainda cria um modelo complementar que gera oferta de futebol plena e geração de receita 📉 adicional aos clubes", diz o executivo.
"O PPV se caracterizou, na última década, por significativo crescimento percentual na receita dos clubes 📉 brasileiros.
No ciclo que isso se conecta com os avanços tecnológicos, as perspectivas do streaming como desdobramento do que fazemos hoje 📉 no Premiere, será que realmente é positivo para alguns clubes se distanciarem desse modelo? Eu acho que não", continua Manuel 📉 Pinto.
Alguns clubes não pensam da mesma forma.
O Atlético-PR, por exemplo, questiona algumas cláusulas.
"Tem vários pontos que a gente discorda, como 📉 o mínimo de 18% a 19% para Flamengo e Corinthians e a maneira como a pesquisa [para calcular receita de 📉 PPV] é feita.
A divisão desigual [das porcentagens da proposta] concentra o poder de receitas.
Entendemos que deveria ser a mesma divisão 📉 [de porcentagens] da TV aberta e fechada", afirma Mário Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-PR.
Pela proposta da Globo, 📉 os clubes dividiriam 38% do total arrecadado com a venda de pacotes de pay-per-view - os outros 62% são da 📉 emissora e de operadoras.
A fatia de cada clube é definida de acordo com pesquisa de torcedores que compraram o serviço 📉 -os times com mais assinantes recebem mais.
Há também um valor mínimo estabelecido em contrato que cada clube precisa receber.
"Os custos 📉 [para a Globo] permanecem os mesmos, e a receita multiplicou por nove.
Se reduzir o faturamento [da Globo], nossa força de 📉 negociação é maior.
A convivência do PPV sem três clubes em 2019 vai mostrar se atrapalha ou não o produto ", 📉 afirma Petraglia.
Segundo ele, a receita atual da Globo é de R$ 1,750 bilhão com o PPV.
A empresa não fala oficialmente 📉 de valores.
Fernando Manuel Pinto diz que a pesquisa que estabelece as fatias de cada clube na oferta da Globo existe 📉 desde 2008, quando ainda existia o Clube dos 13.
"Se em algum momento houver segurança jurídica e conforto dos clubes para 📉 adotar outro critério, é uma possibilidade", disse o executivo da Globo.
Outro time que ainda não aceitou a oferta da Globo 📉 é o Palmeiras, dono da quarta maior torcida do Brasil, de acordo com ranking do Datafolha de abril deste ano.
Segundo 📉 o clube disse à Folha, a negociação com a Globo está sendo conduzida por um time multifuncional de executivos e 📉 leva em consideração, essencialmente, aspectos técnicos da proposta, como audiência, força da marca, base de assinantes de serviços de TV 📉 paga, projeção de performance esportiva nos próximos anos e o potencial de alavancagem de negócios.
"Isso tem exigido mais tempo de 📉 debate para assimilação dos conceitos e, até o presente momento, não há um alinhamento de expectativas em relação a valores", 📉 afirma o presidente Mauricio Galiotte à Folha.
Dos clubes da Série B, a maioria ainda vai negociar um acerto com a 📉 Globo para o pay-per-view.
"Creio que vamos fechar com a Globo.
A negociação está em andamento, mas não acho que vai dar 📉 qualquer problema.
Vamos chegar a um acordo", disse Rildo Moraes, diretor de futebol do Boa Esporte.
Outros clubes, como São Bento e 📉 Oeste, ainda vão tentar barganhar valores maiores, contando, inclusive, com o apoio da FPF (Federação Paulista de Futebol).
"Da última vez 📉 reclamamos que era preciso dar mais dinheiro ao Oeste e conseguimos.
Vamos ver como vai ficar agora.
A ajuda do Reinaldo (Carneiro 📉 Bastos, presidente da FPF) é essencial", disse Aparecido Roberto de Freitas, vice-presidente e investidor do Oeste.
Diretor de direitos de transmissão 📉 da Globo, Fernando Manuel Pinto conversa com os clubes sobre o Brasileiro de 2019 a 2014 - Ricardo Borges/Folhapress
Uma das 📉 cláusulas da proposta discutidas são as que estabelecem redução de 5,2% no valor que os clubes que já fecharam com 📉 o Esporte Interativo para transmissão na TV fechada teriam a receber pelos jogos em PPV.
Em determinados jogos, o clube pode 📉 não receber nada se a partida também for transmitida pelo concorrente no mesmo horário.
"Se o clube [que fechou com o 📉 Esporte Interativo] não for capaz de entregar os direitos com as características e prerrogativas que os outros clubes todos cederam 📉 [como, por exemplo, exclusividade], ele vai ter uma solução comercial.
Isso atende inclusive isonomia.
Isonomia não é que todo mundo é igual.
Todo 📉 mundo é igual desde que estejam na mesma situação", defende Fernando Manuel.
Inter, Paraná, Santos, Ceará e Ponte Preta, que acertaram 📉 com o Esporte Interativo para a TV fechada, já aceitaram a oferta do Grupo Globo e encaminharam acordos tanto na 📉 TV aberta quanto no pay-per-view.
Apesar das discordâncias, os demais clubes e a Globo têm se reunido constantemente para tentar um 📉 acordo que evite o colapso no sistema do pay-per-view a partir do ano que vem.
"Seguiremos abertos ao diálogo, buscando expor 📉 os benefícios e avanços do novo modelo 2019-24 da Série A para os clubes, a evolução que ele representa para 📉 nosso futebol.
Se não plena, sem dúvida um grande passo, que encaminha outros em parceria com os clubes", afirma Fernando Manuel.