Psicologia do Esporte e do Exercício é o ramo da Psicologia no qual ocorre "a aplicação e desenvolvimento da teoria 🔑 psicológica para o entendimento e intensificação do comportamento humano no ambiente esportivo (VANDENBOS, 2010, p.759).
Ou seja, investiga e analisa o 🔑 efeitos dos aspectos psíquicos antes, durante e após o evento esportivo e ou a prática do exercício, buscando entender como 🔑 fatores psicológicos afetam o desempenho físico dos atletas, e como a participação em esportes e exercícios pode afetar o desenvolvimento 🔑 psicológico, a saúde e o bem-estar dos indivíduos (WEINBERG & GOULD, 2011).
O esporte consiste num amplo rol de ações humanas 🔑 praticadas de forma profissional ou amadora, contendo: a) preparação sistemática para aprimoramento de desempenho, com fins competitivos ou de superação; 🔑 b) regras e regulamentos claramente definidos; c) e instituições que organizam e balizam as atuações dos praticantes, normalmente nomeadas de 🔑 confederações e federações (TUBINO, 1993).
Este autor classifica as atividades esportivas em esporte educacional, esporte de participação e esporte de rendimento.
É 🔑 dentro deste contexto geral, que também engloba as modalidades paradesportivas, que a Psicologia se insere, quer como campo de produção 🔑 de conhecimento, ou como área de intervenção, uma vez que processos psicológicos permeiam todas as práticas esportivas.
O esporte-educação, também chamado 🔑 de esporte escolar, prima pelo exercício da cidadania, no sentido do desenvolvimento de cooperação, responsabilidade, coeducação e integração, sendo praticado 🔑 predominantemente na infância e na adolescência, e sem ênfase competitiva (TUBINO, 1993).
Neste contexto, a Psicologia procura analisar e potencializar processos 🔑 de educacionais e de socialização (WEINBERG & GOULD, 2011).
A Educação Física Escolar deveria buscar o desenvolvimento de continuidade de adoção 🔑 de estilos de vida fisicamente mais ativos e promotores de saúde, pelos educandos (GUEDES, 1999).
Neste cenário, as ações de psicólogos 🔑 podem se concentrar em orientações psicopedagógicas a professores de educação física para aprimoramento das condições motivacionais para suas práticas, facilitação 🔑 de comunicação entre professores e alunos, e facilitação de aprendizagens.
O esporte de participação, ou esporte recreativo, envolve atividades de lazer 🔑 nas quais os praticantes não precisam ser submetidos a regras institucionais.
Quando bem praticado, promove a saúde e o bem-estar, por 🔑 meio de atividades lúdicas e prazerosas, que podem desenvolver as relações interpessoais (TUBINO, 1993).
Este também pode ser chamado de Esporte-Saúde.
A 🔑 Psicologia do Esporte e do exercício, neste contexto, tem como função analisar o comportamento recreativo de grupos de diferentes faixas 🔑 etárias, classes socioeconômicas e atuações profissionais em relação a diferentes motivos, interesses e atitudes (WEINBERG & GOULD, 2011).
Psicólogos podem atuar 🔑 para facilitar a manutenção da adesão dos praticantes a estilos de vida mais ativos e promotores de saúde, por meio 🔑 de geração de atividades automotivacionais, assim como para desenvolvimento de processos de compreensão, pelos praticantes, de relações entre a adoção 🔑 destes estilos de vida promotores de saúde e melhora de qualidade de vida e de bem estar subjetivo.
Tanto o esporte 🔑 educacional quanto o de participação aproximam as teorias e as práticas psicológicas das necessidades de saúde da população, uma vez 🔑 que os estilos de vida sedentários se associam a redução de expectativa de vida (WHO, 2010), e, de outro lado, 🔑 a prática regular de exercícios físicos, quando bem realizada, pode ser, por exemplo, relacionada ao desenvolvimento de autonomia funcional (RODRIGUES 🔑 at al, 2010), à redução de sintomas depressivos (FERREIRA, et al.
, 2014) e a melhora na qualidade de vida.
Na prática 🔑 esportiva voltada para promoção de saúde, são desenvolvidos e aplicados programas psicológicos para prevenção de doenças, conscientização da necessidade de 🔑 estilos de vida saudáveis, terapia estimulando o uso do exercício físico para tratamento da ansiedade, depressão e outras condições emocionais, 🔑 assim como, a reabilitação para pessoas portadoras de limitações físicas, mentais e sociais (WEINBERG & GOULD, 2011).
O esporte de rendimento 🔑 é o mais visado por psicólogos e por profissionais que focam no esporte, e se caracteriza por seu alto nível 🔑 competitivo.
Ele envolve rotinas de preparação para evolução de desempenho, regras rígidas que determinam como ele é disputado, e normalmente é 🔑 fortemente institucionalizado por federações e confederações que regulam suas práticas (TUBINO, 1993).
Aqui, a Psicologia do Esporte, tem como objetivos analisar 🔑 e melhorar os fatores psíquicos determinantes do rendimento, tanto em treinamentos quanto em competições, e otimizar os processos de recuperação 🔑 após lesões (NUNES et al.
, 2010; WEINBERG & GOULD, 2011).
No esporte de rendimento, o psicólogo pode trabalhar inserido na Comissão 🔑 Técnica, de forma interdisciplinar, ou em consultoria, de forma multiprofissional.
No primeiro caso, atua diretamente com a equipe, em seus cotidianos 🔑 de treinamento ou de competição.
No segundo, atua externamente, em seu consultório articular, ou ainda, em uma sala reservada, na própria 🔑 sede do clube esportivo, porém com pouco contato direto com as rotinas dos atletas e da comissão.
No caso da inserção 🔑 em comissões técnicas, o psicólogo pode atuar diretamente sobre a seleção de atletas, a periodização das ações de treinamento, as 🔑 definições dos objetivos das sessões de treinamento, assim como a definição dos objetivos de desempenho e de resultados a serem 🔑 alcançados em competições.
Atuando em consultoria, normalmente suas ações são voltadas às demandas apresentadas pelos atletas ou comissões.
Quando possível, o modelo 🔑 interdisciplinar possibilita maior inserção do profissional às rotinas de preparação e competição, por estar presente na quadra, no campo, na 🔑 pista, ou nos outros locais onde ocorram as atividades esportivas.
Além disso, quando bem trabalhado, o modelo interdisciplinar facilita a formação 🔑 de vínculos de confiança dos atletas e dos demais membros da comissão com o psicólogo, o que acelera o recebimento 🔑 de demandas e suas resoluções.
Adicionalmente, por estar presente e poder observar as diversas ações dos membros da equipe em competições 🔑 e treinamento, o psicólogo pode identificar necessidades de intervenção.
As ações dos psicólogos do esporte podem ser concentradas em: a) Desenvolvimento 🔑 dos níveis motivacionais para aprimoramento das sessões de atividades físicas, dos treinamentos e das competições; b) Regulação dos focos de 🔑 atenção e de concentração; c) Regulação emocional e dos níveis de ativação; d) Desenvolvimento de habilidades de autoavaliação e de 🔑 avaliação esportiva de atletas; e) Facilitação de processos de comunicação funcional entre os membros de equipes esportivas; f) Desenvolvimento de 🔑 compreensão de táticas de jogo, por atletas jovens; g) Aumento de habilidades de resolução de problemas e de tomada de 🔑 decisões; h) Consolidação de autoconfiança para alcance de objetivos esportivos realistas; i) Seleção de atletas; j) ou ainda, busca de 🔑 equilíbrio psicológico nos ajustes entre atletas que possuem funções complementares, isto é, em esportes coletivos, identificação dos atletas que, por 🔑 suas características de personalidade, podem melhorar ou prejudicar os padrões de jogo da equipe ao jogarem juntos, o que ocorre, 🔑 por exemplo, quando a máxima eficiência tática de uma equipe é conseguida quando ela mescla atletas de definição com atletas 🔑 de articulação.
A premissa básica para que um psicólogo seja bem sucedido no campo da Psicologia do Esporte é que desenvolva 🔑 o máximo conhecimento possível sobre Treinamento Esportivo, Aprendizagem Motora, Fisiologia do Esporte, e, mais especificamente, conhecimento sobre a modalidade esportiva 🔑 na qual atuará.
No caso de trabalhar com categorias de base, isto é, atletas que ainda não são adultos, o psicólogo 🔑 também precisará dominar os campos teóricos do crescimento e do desenvolvimento humano.
Por fim, há consideráveis evidências científicas e empíricas de 🔑 que a preparação psicológica influencia diretamente nos níveis de desempenho de atletas e de equipes, o que ocorre por que 🔑 os processos psicológicos permeiam todas as ações esportivas.
Diante de equipes de níveis similares, a preparação psicológica prévia pode ser o 🔑 diferencial do rendimento esportivo (BIZZOCCHI, 2008).
Neste sentido, psicólogos hoje atuam em muitas equipes esportivas, mas o cenário esportivo continua sendo 🔑 um importante campo de atuação profissional a ser mais ocupado por psicólogos.
ReferênciasBIZZOCCHI, Carlos.
O voleibol de alto nível: da iniciação à 🔑 competição.3.ed.
Barueri, SP : Manole, 2008.xvi, 328p, il.
FERREIRA, Lilian et al.
Avaliação dos níveis de depressão em idosos praticantes de diferentes exercícios 🔑 físicos.ConScientiae, v.13, n.3, p.405-410.2014.
GUEDES, Dartagnan Pinto.
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NUNES, Carlos 🔑 Roberto de Oliveira et al.
Processos e intervenções psicológicas em atletas lesionados e em reabilitação.
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, v.3, 🔑 n.1, p.130-146, 2010.
RODRIGUES, Brena Guedes de Siqueira et al.
Autonomia funcional de idosas praticantes de Pilates.
Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, 🔑 n.4, p.300-305, out./dez.2010.
TUBINO, Manuel José Gomes.O que é Esporte.
São Paulo: Brasiliense, 1993.VANDENBOS, Gary R.
Dicionário de psicologia da APA.
Porto Alegre: Artmed, 🔑 2010.WEINBERG, Robert S.; GOULD, Daniel.
Foundations of Sport and Exercise Psychology, 6ed.
Champain, IL: Human Kinectics, 2011.
WORLD HEALTH ORGANIZATION.
Recomendaciones mundiales sobre actividad 🔑 física para la salud.
Geneva: WHO Library Cataloguing- in-Publication Data, 2010.
Fonte: Conselho Regional de Psicologia 12° Região.
Revista Psicologia em Movimento.N.
06 – 🔑 Gestão 2013/2016, Jan./Fev.2016.