Resumos
O artigo trata da Psicologia do Esporte, um campo de atuação emergente do psicólogo no Brasil.
Faz uma análise sobre o 📉 percurso histórico da Psicologia Esportiva apresentando os campos de atuação profissional (pesquisa, ensino e intervenção), o papel do psicólogo esportivo 📉 (pesquisador, professor e consultor) e o estado científico atual dessa especialidade psicológica.
Mesmo com o vasto campo de trabalho, um elemento 📉 interveniente é a diversidade de conhecimentos necessários para esta subdivisão da Psicologia, fazendo com que a formação profissional seja insuficiente 📉 e a atuação profissional dividida em duas especialidades, a Psicologia Clínica e a Psicologia Educacional aplicada ao esporte.
Finalizando, destaca-se a 📉 emergência da compreensão destes aspectos, fornecendo subsídios para o entendimento da importância da qualificação de profissionais da área da Psicologia 📉 para o contexto do esporte e do exercício físico.
El artículo presenta el área de la psicología del deporte como un 📉 campo de actuación emergente del psicólogo en Brasil.
Hace un análisis del recorrido histórico de la Psicología Deportiva presentando las áreas 📉 de actuación profesional (pesquisa, enseñanza e intervención), el papel del psicólogo deportivo (investigador, profesor y consultor) y el estado científico 📉 actual del área.
Mismo con el vasto campo de trabajo, un elemento interventor es la diversidad de conocimientos necesarios para esta 📉 subdivisión de la psicología, haciendo con que la formación profesional sea insuficiente y la actuación profesional sea dividida en dos 📉 especialidades, la Psicología Clínica y la Psicología Educacional aplicada al deporte.
Finalizando, se destaca la emergencia de la comprensión de estos 📉 aspectos, proporcionando subsidios para o entendimiento de la importancia de la calificación del profesional del área de la Psicología para 📉 el contexto del deporte y del ejercicio.
ARTIGOS
Psicologia do esporte: uma área emergente da psicologia
Sport psychology: an emergent field in psychology
Psicología 📉 del deporte: un area emergente de la psicología
Lenamar Fiorese VieiraI; João Ricardo Nickenig VissociII; Leonardo Pestillo de OliveiraIII; José Luiz 📉 Lopes VieiraIV
IPsicóloga, Doutora em Ciência do Movimento Humano, Professora da Universidade Estadual de Maringá e do Programa Associado de Pós 📉 graduação em Educação Física UEM/UEL
IIPsicólogo, Mestre em Educação Física, Professor da Unidade de Ensino Superior Ingá, UNINGA, Brasil
IIIPsicólogo, Mestre em 📉 Educação Física, Professor do Centro Universitário de Maringá , Brasil
IVDoutor em Ciência do Movimento Humano, Professor da Universidade Estadual de 📉 MaringáRESUMO
O artigo trata da Psicologia do Esporte, um campo de atuação emergente do psicólogo no Brasil.
Faz uma análise sobre o 📉 percurso histórico da Psicologia Esportiva apresentando os campos de atuação profissional (pesquisa, ensino e intervenção), o papel do psicólogo esportivo 📉 (pesquisador, professor e consultor) e o estado científico atual dessa especialidade psicológica.
Mesmo com o vasto campo de trabalho, um elemento 📉 interveniente é a diversidade de conhecimentos necessários para esta subdivisão da Psicologia, fazendo com que a formação profissional seja insuficiente 📉 e a atuação profissional dividida em duas especialidades, a Psicologia Clínica e a Psicologia Educacional aplicada ao esporte.
Finalizando, destaca-se a 📉 emergência da compreensão destes aspectos, fornecendo subsídios para o entendimento da importância da qualificação de profissionais da área da Psicologia 📉 para o contexto do esporte e do exercício físico.
Palavras-chave: Psicologia; psicologia do esporte; exercício físico.
ABSTRACT
This manuscript presents the Sport Psychology 📉 field as a psychologist's emergent field of action in Brazil.
A historical analysis is performed concerning the path of Sport Psychology 📉 presenting the areas of professional action (research, teaching and intervention), the role of the sport psychologist (researcher, academic teacher and 📉 consultant) and the field's recent scientific state.
Although the vast professional field, the diversity of knowledge needed to act in this 📉 subdivision of Psychology is an intervening element, resulting in an insufficient professional formation and a division of the professional action 📉 into two specialties: the Clinical Psychology and Educational Psychology applied to sport.
Finally, it is highlighted the emergency in the comprehension 📉 of this aspects, providing background to understand the importance of the professional qualification in the field of Sport and Physical 📉 Exercise.
Key words: Psychology; sport psychology; physical exercise.
RESUMEN
El artículo presenta el área de la psicología del deporte como un campo de 📉 actuación emergente del psicólogo en Brasil.
Hace un análisis del recorrido histórico de la Psicología Deportiva presentando las áreas de actuación 📉 profesional (pesquisa, enseñanza e intervención), el papel del psicólogo deportivo (investigador, profesor y consultor) y el estado científico actual del 📉 área.
Mismo con el vasto campo de trabajo, un elemento interventor es la diversidad de conocimientos necesarios para esta subdivisión de 📉 la psicología, haciendo con que la formación profesional sea insuficiente y la actuación profesional sea dividida en dos especialidades, la 📉 Psicología Clínica y la Psicología Educacional aplicada al deporte.
Finalizando, se destaca la emergencia de la comprensión de estos aspectos, proporcionando 📉 subsidios para o entendimiento de la importancia de la calificación del profesional del área de la Psicología para el contexto 📉 del deporte y del ejercicio.
Palabras-clave: Psicología; psicología del deporte; ejercicio físico.
No Brasil a Psicologia do Esporte tem sido considerada como 📉 um ramo emergente da Psicologia, tanto em congressos científicos da Psicologia como em seus cursos de graduação.
Ao se considerar a 📉 história do desenvolvimento dessa especialidade nota-se que seu surgimento é semelhante ao desenvolvimento da Psicologia Geral.
Neste sentido, para compreender jogo de cartas bacara 📉 evolução faz-se necessário entender o seu conceito, o seu percurso histórico e seu estado científico atual.
Quanto ao conceito, de acordo 📉 com Feltz (1992) esta especialidade é identificada como uma subdisciplina da Psicologia, enquanto outros a veem como uma subdisciplina das 📉 Ciências do Esporte (Gill, 1986).
Na concepção de Singer (1993), a Psicologia do Esporte integra a investigação, a consultoria clínica, a 📉 educação e atividades práticas programadas associadas à compreensão, à explicação e à influência de comportamentos de indivíduos e de grupos 📉 que estejam envolvidos em esporte de alta competição, esporte recreativo, exercício físico e outras atividades.
Para Weinberg e Gould (2001, p.
28), 📉 "a Psicologia do Esporte e do Exercício é um estudo científico de pessoas e seus comportamentos em atividades esportivas e 📉 atividades físicas, e a aplicação deste conhecimento".
Essas definições são essenciais para entender que a Psicologia do Esporte, além de ser 📉 uma disciplina acadêmico-científica, é também um campo de intervenção profissional que envolve conceitos da Psicologia e das Ciências do Esporte.
Enquanto 📉 campo de intervenção profissional refere-se à prática da Psicologia por profissionais que se especializaram no trabalho com atletas ou praticantes 📉 de exercícios físicos em diversos contextos.
Enquanto disciplina acadêmico-científica emerge principalmente dos departamentos das Universidades das Ciências do Esporte, Motricidade Humana 📉 ou Educação Física (Araújo, 2002).
A maior diferença entre estes dois âmbitos é que o primeiro grupo trabalha a área aplicada 📉 ao contexto esportivo, empenhado em melhorar o desempenho dos atletas, em aconselhá-los, reabilitá-los de lesões e promover o exercício físico 📉 para melhorar a saúde física e mental dos indivíduos, enquanto o segundo grupo está academicamente fundamentado, trabalhando na investigação e 📉 desenvolvimento de teorias e modelos, buscando compreender o comportamento motor no esporte e no exercício físico.
Neste contexto, podemos perceber a 📉 Psicologia do Esporte e do Exercício como um ramo da Psicologia, das Ciências do Esporte e do próprio esporte, sendo 📉 simultaneamente um campo profissional que olha para o esporte e para o exercício físico na perspectiva psicológica (Figura 1).
Percebe-se que 📉 o profissional da Psicologia do Esporte deve adquirir uma formação de conhecimentos que garanta uma boa formação geral em Psicologia 📉 aliada aos conhecimentos específicos do exercício físico e do esporte (Figura 1).
É necessário para este profissional uma cultura alicerçada em 📉 elementos que contribuam para o entendimento do contexto específico de atuação.
Desta forma, o psicólogo esportivo deve trabalhar com atenção e 📉 rigor científico na prática esportiva para não convertê-la em uma Psicologia que simplifica todos os fenômenos do esporte.
No Brasil, a 📉 Psicologia do Esporte ainda está em processo de consolidação enquanto campo de atuação profissional, educacional ou de investigação científica.
Este processo 📉 tem origem nos cursos de graduação em Educação Física e Psicologia e na pós-graduação, principalmente em Educação Física.
Assim é fundamental 📉 contextualizar este ramo da Psicologia, pontuando-se questões como: o contexto histórico em que emergiram os estudos sobre Psicologia do Esporte 📉 em nível internacional e nacional; a que se destina a Psicologia do Esporte - se a intervenção clinica, se à 📉 atuação educacional ou se à investigação científica; a que profissional compete o exercício profissional no campo da psicologia do esporte; 📉 e o rol de conhecimentos, a formação acadêmica e o perfil profissional necessários à formação do psicólogo do esporte em 📉 nível graduação e pós-graduação.
A partir das reflexões iniciais, a intenção deste artigo foi destacar as principais problematizações dos profissionais que 📉 atuam no campo de Psicologia do Esporte, as quais surgiram durante a nossa trajetória acadêmica de ensino, pesquisa e intervenções 📉 com equipes esportivas.
Em face do exposto, o objetivo principal deste artigo foi contextualizar a Psicologia do Esporte, buscando especificamente descrever 📉 o percurso histórico e o estado científico atual dessa especialidade e identificar os campos de atuação profissional e o papel 📉 do psicólogo esportivo.
Para tanto foi realizada uma análise documental dos congressos brasileiros de 2004 e 2006 e do Congresso Europeu 📉 de 2007.
Buscou-se ainda levantar na literatura dados referenciais históricos e atuais da Psicologia Esportiva.
PERCURSO HISTÓRICO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE
A Grécia 📉 Antiga é tida como o berço da Psicologia Esportiva, pois ali alguns filósofos, como Aristóteles e Platão, especularam sobre a 📉 função perceptual e motora do movimento por meio dos conceitos de corpo e alma.
Com isso, o desenvolvimento da Psicologia Esportiva 📉 se confunde com o desenvolvimento da Psicologia Geral, devido à jogo de cartas bacara base filosófica (Barreto, 2003).
No final do século XVII e 📉 o começo do século XVIII as habilidades motoras e processos físico-fisiológicos como tempo de reação, limiar de determinação, atenção e 📉 sentimentos ocuparam os estudos da época no terreno da Psicologia aplicada ao esporte (Davis, Huss & Becker, 1995).
Entre os estudos 📉 iniciais em Psicologia do Esporte encontra-se o de Fitz (1897), o qual afirmou que a prática esportiva (jogar) era um 📉 meio de se preparar para a vida, por promover a capacidade de julgamento, habilidade de perceber as condições corretamente e 📉 a habilidade de reagir rapidamente a um ambiente mutável).
A importância do esporte é destacada em estudos iniciais dessa especialidade, como 📉 o de Patrick (1903) e o de Hermann (1921), os quais afirmam que o esporte permite o desenvolvimento de hábitos 📉 de vida e que os músculos são os mecanismos pelos quais se desenvolvem a imitação, a obediência e o caráter.
Destacam 📉 que seria por meio do esporte que mente, corpo e alma se manifestariam em situações reais.
Kellor (1908) advogou também que 📉 por meio da atividade física não se construía apenas um corpo forte, mas também uma mente forte.
Estes estudos serviram como 📉 base para as pesquisas de Norman Triplett, investigador da Universidade de Indiana EUA, o qual realizou os primeiros experimentos 📉 direcionando a Psicologia do Esporte ao caminho em que se encontra nos dias atuais (Gonzáles, 1997).
Triplett (1898) estudou a influência 📉 do adversário em ciclistas de rendimento e acreditava que a presença de um competidor servia de estímulo para a liberação 📉 de uma energia que permanecia latente ante as condições diretas e sem ritmo de competição.
Para o autor, a presença do 📉 adversário funcionava como um elemento motivador para o aumento do esforço do atleta.
No início do século XX surgiram as primeiras 📉 discussões sobre a influência do aspecto psicológico no desempenho de atletas no contexto esportivo, mas como a Psicologia ainda não 📉 estava consolidada como uma ciência, as publicações da época eram escritas por educadores, atletas e jornalistas, que não apresentavam suporte 📉 científico suficiente para explicar esta variável.
Ressalta-se, porém, que nesse período o sucesso de um atleta era atribuído ao seu controle 📉 emocional, evidenciando que o segredo do sucesso de um atleta não está no comprimento dos membros, na profundidade do pulmão 📉 ou no desenvolvimento muscular, mas sim, no controle nervoso (emocional) sobre o corpo (Lee, 1901).
1920, a Psicologia do Esporte surge 📉 de diferentes formas na Alemanha, na União Soviética e nos Estados Unidos da América (EUA).
Neste período destacam-se em Moscou os 📉 psicólogos Avksentii Puni e Piotr Rudick, que realizaram os primeiros trabalhos de Psicologia no Instituto de Cultura Física na União 📉 Soviética; na Alemanha, Schulte Sippel, psicólogo do Instituto de Educação Física de Leizig e Berlim, publica o primeiro livro Corpo 📉 e Alma no desporto: uma introdução à Psicologia do Exercício Físico; e nos Estados Unidos da América Coleman Roberts Griffith 📉 enfoca a relação entre psicologia e esporte (Gonzáles, 1997; Araújo, 2002).
Destes, Coleman Griffith foi considerado o Pai da Psicologia do 📉 Esporte, pelo fato de ter sido o primeiro a criar um laboratório de Psicologia do Esporte, o que se deu 📉 em 1925, na Universidade de Illinois.
Coleman tinha como meta investigar um conjunto de elementos psicológicos relevantes para o rendimento esportivo, 📉 e os seus estudos envolviam temas de aprendizagem, habilidades motoras e variáveis da personalidade.
Criou vários testes e foi o primeiro 📉 professor de Universidade a oferecer um curso de Psicologia do Esporte, em 1923.
A criação do Laboratório de Griffith marca o 📉 início do período histórico (1920-1940), quando a Psicologia do Esporte passou a ser desenvolvida e pesquisada na prática.
Nesse período também 📉 surgem os primeiros trabalhos de preparação psicológica com equipes olímpicas na Tchecoslováquia.
Após a Segunda Guerra Mundial, entre os anos de 📉 1945 e 1964, surgiram vários laboratórios de Psicologia do Esporte nos Estados Unidos, tais como os de Franklin Henry (Universidade 📉 de Berkeley), John Lawther (Universidade da Pensilvânia) e Arthur Slater-Hammer (Universidade de Indiana), os quais começaram a oferecer cursos de 📉 Psicologia do Esporte nas suas universidades.
Também Bruce Ogilvie e Thomas Tutko lançam nesse mesmo período o livro Problem athletes and 📉 how to handle them.
eEste livro foi muito popular entre os técnicos esportivos e atletas, e devido a ele Ogilvie foi 📉 referenciado como o Pai da Psicologia Aplicada ao Esporte (Cox, Qiu & Liu, 1993).
Neste período, a corrente teórica de influência 📉 de estudos era o Behaviorismo de Watson, que principalmente Skinner divulgava nos EUA.
Durante o período de 1950-1980 a Psicologia do 📉 Esporte começou a construir a sustentação teórica que embasaria as pesquisas desse setor da Psicologia.
Apesar das contribuições anteriores de autores 📉 como Griffith, foi nesse período que os estudos passaram a enfocar as características psicológicas, tirando o enfoque da área do 📉 comportamento motor (desenvolvimento motor e aprendizagem motora).
Neste sentido, devido às diferenças culturais, no contexto mundial cada país enfatizou diferentes aspectos 📉 da Psicologia do Esporte e do Exercício.
Um grande salto no plano de desenvolvimento científico ocorreu nos anos 60, em que 📉 estudos específicos foram apresentados, principalmente nos EUA.
Isto ocorreu em 1965, com a criação da Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte 📉 (ISSP) por iniciativa da Federação Italiana de Medicina Esportiva, em Roma, tendo como seu primeiro presidente Ferrucio Antonelli, o que 📉 demonstra que este ramo de conhecimento se organizou recentemente em todo o mundo.
Depois da criação da ISSP, foi criada, em 📉 1966, a Sociedade Norte-Americana para a Psicologia do Esporte e Psicologia da Atividade Física (NASPSPA).
Estas organizações são, oficialmente, as que 📉 realizam os congressos internacionais de maior impacto do setor: o Congresso Mundial de Psicologia do Esporte, organizado pela ISSP a 📉 cada quatro anos, e o Congresso da NASPSPA, realizado anualmente.
Em 1970 foi criada a primeira revista específica dessa especialidade, a 📉 International Journal of Sport Psychology.
Machado (1997) escreve que essa juventude pode ser a causa de existirem poucos estudos que analisem 📉 seu nascimento e seu desenvolvimento, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.
Na década de 80 ocorreu a passagem 📉 do enfoque essencialmente comportamental do esporte para uma concepção cognitiva, acompanhando a tendência da Psicologia.
Em 1986 é formada a divisão 📉 47 (Sport and Exercise Psychology) na American Psychological Association (APA), a qual emerge no sentido de especificar a qualificação necessária 📉 para se tornar um psicólogo esportivo.
Isso se deveu ao fato de ser clara a existência de duas psicologias esportivas (educacional 📉 e clínica), reconhecendo-se que as duas eram necessárias, mas precisavam de certificações para atuar em seus campos (Cox, Qiu & 📉 Liu, 1993).
A Psicologia Clínica, voltada para intervenção (psicodiagnóstico, técnicas de treinamento mental, aconselhamento e acompanhamento dos atletas) era praticada somente 📉 por psicólogos e a Psicologia Educacional (trabalho no ensino, técnicas motivacionais de grupo e desenvolvimento de pesquisas) era praticada por 📉 profissionais da Psicologia e não graduados na área.
Com estas especialidades, Clínica e Educacional, em 1979 surge no Brasil de forma 📉 sistematizada a Psicologia do Esporte.
Naquele ano foi fundada a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da 📉 Recreação (SOBRAPE), tendo como seu primeiro presidente o Prof.Dr.
Benno Becker Junior.
De acordo com Samulski (2000), o Brasil ocupa uma posição 📉 de liderança na América Latina, o que pode ser comprovado com base no grande volume de trabalhos publicados e no 📉 número de congressos realizados, bem como na quantidade de laboratórios de Psicologia do Esporte existentes na Região Sul do Brasil.
No 📉 ano de 2006 surge também no Brasil a Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP), por iniciativa de um grupo 📉 de psicólogos e profissionais de educação física preocupados em discutir e promover os estudos e práticas profissionais da Psicologia Esportiva 📉 no país.
Atualmente essa associação tem como presidente a psicóloga Kátia Rubio.
No âmbito nacional, o primeiro trabalho de intervenção antecede a 📉 criação da SOBRAPE e da ISSP, tendo sido realizado em 1958 por João Carvalhaes, psicólogo do São Paulo Futebol Clube, 📉 o qual posteriormente realizou trabalhos com a seleção brasileira de futebol.
Outro profissional foi Athaide Ribeiro da Silva, que trabalhou em 📉 1962 e 1963 na seleção brasileira de futebol.
Casal (2007) comenta que não é casual a Psicologia do Esporte no Brasil 📉 ter começado com o futebol, já que este é o esporte nacional, portanto o de maior investimento econômico e visibilidade 📉 social.
Desta forma, fica evidenciado que o crescimento da Psicologia Esportiva no Brasil ocorreu de maneira emergente, não apresentando correlações positivas 📉 com o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão.
Talvez a causa do desenvolvimento insuficiente não possa ser buscada somente dentro 📉 da Psicologia do Esporte, mas também na precariedade dos recursos colocados à disposição do esporte, por exemplo, não psicólogos que 📉 vão ao esporte para trabalhar, em vez de verdadeiros psicólogos do esporte, com formação geral e específica (Casal, 2007).
Outro aspecto 📉 a destacar da formação profissional é que a disciplina Psicologia do Esporte não está presente na grade curricular da maioria 📉 dos cursos de Psicologia do Brasil, quando aparece, tem caráter eletivo, embora a disciplina esteja presente há quase duas décadas 📉 nos currículos dos cursos de Educação Física como disciplina obrigatória (Rubio, 2000).
Neste sentido, parece que a Psicologia do Esporte é 📉 uma temática de interesse tanto dos profissionais da Educação Física quanto dos profissionais da Psicologia.
Vale ressaltar que a formação de 📉 profissionais de Psicologia do Esporte no Brasil é um processo um tanto complexo, devido à dificuldade de encontrar cursos específicos 📉 para a formação desses profissionais, a não ser em programas de mestrado/doutorado, o que contribui para que as várias metodologias 📉 e (des)caminhos de várias outras profissões interfiram na formação dos profissionais, de uma forma ou de outra (Machado, 1997).
Finalizando o 📉 percurso histórico da área, percebe-se que a Psicologia do Esporte e do Exercício é reconhecida em todo o mundo tanto 📉 como disciplina educacional quanto como campo da área clínica, evidenciando uma perspectiva de crescimento contínuo e promissor.
ESTADO ATUAL DA PSICOLOGIA 📉 DO ESPORTE
Pode-se constatar a evolução da Psicologia do Esporte a partir de uma fase em que predominam os estudos de 📉 laboratório sobre aprendizagem motora e estudos descritivos sobre a personalidade do atleta até a fase de aplicações práticas, na qual 📉 se enfatiza a importância da preparação psicológica dos atletas para a melhoria do rendimento em competições.
No Primeiro Congresso Mundial de 📉 Psicologia do Esporte, realizado em Roma (1965), verificou-se uma grande dispersão conceitual e metodológica, o que realçava muito mais a 📉 importância social do que a científica.
No Segundo Congresso Mundial, realizado nos EUA em 1969, as dimensões sociais do esporte foram 📉 abordadas por profissionais de várias áreas, como médicos e psicólogos; porém, já no terceiro, realizado em Madri em 1973, verificou-se 📉 o aparecimento de um grande número de profissionais da educação física interessados no tema (Araújo, 2002).
A partir de 1987, além 📉 da ênfase no esporte, iniciou-se a preocupação com a Psicologia do Exercício, voltada à saúde.
No contexto atual, quando se observam 📉 os trabalhos do Congresso Europeu de Psicologia do Esporte de 2007, realizado na Grécia (tabela 1), estes evidenciam temáticas de 📉 Imagery (imagem motora), motivação, ansiedade e estresse, em detrimento das demais temáticas.
Na realidade brasileira (tabela 2) ressaltam-se as temáticas apresentadas 📉 nos congressos brasileiros de Psicologia do Esporte de 2004 (Curitiba) e 2006 (São Paulo).
Um ponto a destacar é que os 📉 trabalhos de intervenção psicológica diminuíram de 2004 (20%) para 2006 (6,25%), demonstrando que estudos descritivos predominaram nos congressos, tendo destaque 📉 os estudos de motivação, autoestima, coesão, liderança, ansiedade e estresse.
Dessa forma, nota-se que a Psicologia do Esporte no Brasil sofre 📉 influência das investigações internacionais, com temáticas semelhantes, de motivação, estresse e ansiedade.
Outro ponto a destacar é a prevalência de trabalhos 📉 de autoria e/ou coautoria de profissionais da Educação Física.
Casal (2007) apontou que isto traz consequências importantíssimas:
os professores de educação física 📉 e treinadores esportivos estudam disciplinas da Psicologia que estão a mil milhas do que necessitariam, porque, se não há psicólogos 📉 preparados para essa especialidade é evidente que não existem bons professores da disciplina, e então, qualquer um começa a falar 📉 o que acredita e a ensinar o que entende de Psicologia do Esporte e da Educação Física (p.20).
Os dados apresentados 📉 (tabela 2) confirmam esta carência de profissionais da Psicologia que trabalhem especificamente com o esporte.
Observa-se que em 2004 a temática 📉 de intervenção foi a que apresentou maior número de trabalhos no Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte, mas muitos destes 📉 trabalhos não foram realizados por profissionais que atuam efetivamente com intervenção psicológica (formação em Psicologia).
Neste sentido, a Association for the 📉 Advancement of Applied Sport Psychology (AAASP) estabeleceu como princípios gerais e diretrizes éticas para os profissionais que atuam com a 📉 Psicologia do Esporte (Weinberg e Gould, 2001): competência, integridade, responsabilidade pessoal e científica, respeito pelos direitos e pela dignidade das 📉 pessoas, preocupação com o bem-estar dos outros e responsabilidade social.
O emprego desses princípios deve ser respeitado por todos os profissionais 📉 que trabalham com atletas de alto rendimento, sobretudo o psicólogo esportivo, um profissional ainda pouco inserido no cenário esportivo competitivo 📉 do Brasil.
CAMPOS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO DO ESPORTE
O desenvolvimento da Psicologia do Esporte enquanto campo de pesquisa e intervenção tem 📉 suscitado uma série de questões, que vão desde a formação acadêmica/profissional mínima adequada para a atuação nesse campo e as 📉 delimitações do papel do profissional até a formação de um corpo de conhecimento teórico e técnico que sirva de base 📉 para a intervenção junto a atletas e praticantes do exercício físico.
Neste sentido, os estudos em Psicologia do Esporte e do 📉 Exercício têm-se dividido em duas subáreas: a da Psicologia relacionada ao exercício físico e atividade física e daa Psicologia do 📉 Esporte.
A primeira refere-se ao relacionamento entre o exercício físico e a saúde (prevenção, reabilitação), enquanto a segunda está direcionada para 📉 os determinantes e consequências do desempenho e envolvimento com o esporte competitivo (Gauvin & Spence, 1995).
Neste contexto, tanto a APA 📉 como a Associação de Psicologia do Canadá julgam necessário estabelecer critérios básicos para dois campos de atuação do psicólogo do 📉 esporte: o educacional e o clínico.
O psicólogo educacional se ocupa mais da análise de dinâmicas de grupo, em atividades mais 📉 relacionadas ao ensino e à pesquisa, do treinamento mais pedagógico do que clínico; por seu turno, o psicólogo clínico é 📉 aquele que faz psicodiagnóstico esportivo e pratica intervenções clínicas tanto individualmente no atleta quanto nos contextos grupais (Gonzáles, 1997).
De acordo 📉 com Weinberg e Gould (2001), os psicólogos do esporte possuem três campos de atuação profissional: o ensino, a pesquisa e 📉 a intervenção.
No campo do ensino o objetivo é transmitir conhecimentos e habilidades técnicas esportivas.
Para tanto, os profissionais necessitam ter conhecimentos 📉 das capacidades psicológicas necessárias para melhor compreender o comportamento humano no âmbito do esporte (papel de professor).
No campo da pesquisa, 📉 são mais explorados procedimentos diagnósticos para medir características psicológicas das pessoas, avaliações esportivas e medidas de intervenção psicológica para competição 📉 e treinamento (papel de pesquisador).
No campo da intervenção psicológica (papel de consultor) são realizados psicodiagnósticos, programas psicológicos de treinamento mental, 📉 juntamente com medidas de aconselhamento e acompanhamento (figura 2)
Desta forma, é possível perceber que o campo de atuação profissional do 📉 psicólogo esportivo é amplo, no entanto, embora jogo de cartas bacara denominação esteja vinculada à Psicologia, existem profissionais com diferentes formações ocupando este 📉 campo profissional (Rubio, 2000).
Infelizmente isto se deve à pouca informação existente sobre os campos de atuação em Psicologia do Esporte.
No 📉 Brasil o trabalho de psicólogos esportivos é bastante limitado; já no âmbito mundial, desde a década de 90 alguns autores, 📉 como Colburn (1993) e Cratty (1991), informam que este é um campo com profissionais bem-qualificados.
Uma explicação pode estar na exigência 📉 da diversidade de conhecimento específico, pois, além do acumulado no curso de Psicologia, este profissional necessita de conhecimentos relacionados ao 📉 universo do atleta, do esporte e do exercício físico.
A necessidade de todo esse conhecimento justifica-se pelas condições particulares em que 📉 vivem e atuam indivíduos e equipes que têm jogo de cartas bacara vida limitada pelo contexto vivido (treinamentos, competições e seleções) e a 📉 interação com um meio restritivo, marcado por períodos de isolamento e concentração (Rubio, 2000).
A partir disso considera-se que o corpo 📉 teórico da Psicologia do Esporte enquanto campo científico encontra suporte em várias especialidades da Psicologia, entre elas a Psicologia Experimental 📉 - em que se incluem a Psicologia da Aprendizagem, a da Memória e a da Motivação - e a Psicologia 📉 do Desenvolvimento, responsável por estruturar o entendimento do desenvolvimento esportivo do indivíduo desde criança até a fase adulta.
Também podemos citar 📉 a Psicologia da Personalidade, centrada nos estudos das diferenças individuais; a Psicologia Social, voltada às relações interpessoais da equipe esportiva 📉 e ao desenvolvimento da coesão do grupo; e por fim, a Psicologia Clínica, que focaliza os problemas de desajustamento psicológico 📉 do atleta e suas modificações (Barreto, 2003).
Além destas, a Psicologia do Esporte encontra suporte em vários setores da educação física 📉 propriamente dita, como aprendizagem motora, desenvolvimento motor, controle motor, biomecânica, treinamento esportivo e fisiologia do exercício, além de outras afins, 📉 como nutrição esportiva, medicina esportiva e sociologia do esporte.
Esta extensão de conhecimentos para intervenção profissional talvez justifique a carência de 📉 profissionais qualificados para este campo de atuação.
Considerando-se os campos de atuação do psicólogo esportivo (ensino, pesquisa e intervenção), o papel 📉 do profissional será de ser professor, pesquisador e consultor.
O psicólogo esportivo voltado para o ensino tem a função de transmitir 📉 conhecimentos de base sobre essa especialidade; o psicólogo esportivo voltado para a pesquisa tem como função explorar os diferentes campos 📉 de atuação visando ao crescimento do setor e ao desenvolvimento de teorias; o psicólogo esportivo voltado à intervenção tem o 📉 papel de realizar psicodiagnósticos e intervenções psicológicas.
Este papel é o mais discutido no contexto da realidade brasileira.
O PAPEL DO PSICÓLOGO 📉 DO ESPORTE
Como conceituado anteriormente, o papel do psicólogo esportivo surge em função dos campos de atuação: ensino - papel de 📉 professor; pesquisa - papel de pesquisador; e Intervenção - papel de consultor.
Quando um psicólogo esportivo tem o papel de consultor, 📉 ao ingressar numa equipe de trabalho ele gera nos seus integrantes uma série de mecanismos psíquicos, como empatia, resistência e 📉 outros.
A percepção que cada indivíduo tem sobre o psicoterapeuta oscila de expectativas de grande auxílio até altos níveis de ansiedade 📉 neste caso, nos sujeitos mais inseguros.
Lacrampe e Chamalidis (1995) referem que a percepção do serviço da Psicologia do Esporte 📉 depende da interação de fatores como experiência passada dos atletas com o psicólogo esportivo, expectativas do grupo, confiança mútua e 📉 a especificidade da situação.
Desta forma, a maneira como o psicólogo será apresentado aos membros da equipe esportiva é de fundamental 📉 importância para o desenvolvimento do rapport (estabelecimento do vínculo terapêutico).
Para Becker Junior (2000), uma apresentação seguida de um grande currículo 📉 pode atrapalhar, pelo desnível que poderá sentir o atleta.
Esses sentimentos, se não forem equacionados rapidamente, podem concorrer para um relacionamento 📉 cheio de conflitos entre o psicólogo e os demais integrantes da equipe; uma apresentação simples, com nome e função, experiência 📉 na especialidade e objetivos com o grupo é suficiente e facilitará a avaliação psicológica.
Historicamente, Griffith, considerado o precursor da Psicologia 📉 aplicada ao Esporte nos Estados Unidos apontava como funções do Psicólogo do Esporte ensinar a técnicos jovens e inexperientes os 📉 princípios psicológicos utilizados por técnicos de grande sucesso, adaptar a informação já adquirida em Psicologia para o contexto esportivo e 📉 utilizar o método científico e experimental em laboratório para descobrir novos fatos e princípios que ajudariam o atleta na prática 📉 (Gould & Pick, 1995).
Com relação ao papel do psicólogo do esporte dentro de uma equipe esportiva, Riera (1985) e Miracle 📉 (1992) compartilham a mesma opinião: a de que este profissional deve ter funções bem-definidas, como assessorar, informar, ensinar e ser 📉 agente de transformação.
Assim, ao psicólogo do esporte cabe clarificar a técnicos, dirigentes, atletas e demais envolvidos no contexto do esporte 📉 e do exercício físico os princípios que norteiam o comportamento humano.
Araújo (2002) acredita que os especialistas em Psicologia do Esporte 📉 devem estar empenhados em melhorar o desempenho dos atletas, em aconselhá-los, reabilitá-los de lesões e promover o exercício físico para 📉 melhorar a saúde dos indivíduos.
Outro aspecto a destacar no papel do psicólogo esportivo é o da comunicação entre os grupos 📉 esportivos e os psicólogos.
Neste ponto a linguagem cotidiana dos técnicos e dos atletas é norteada por termos técnicos específicos de 📉 cada esporte, por isso o psicólogo deve buscar este conhecimento para não encontrar grande resistência dos praticantes do esporte e 📉 do exercício físico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta reflexão teórica ficou evidenciado que o ramo Psicologia do Esporte, apesar de emergente no Brasil, teve 📉 uma evolução histórica paralela à da Psicologia enquanto área do conhecimento.
Quanto ao seu estado atual, percebe-se uma carência de profissionais 📉 qualificados para esse campo da Psicologia, a qual está refletida na produção científica.
A leitura teórica feita nos permite salientar, acerca 📉 dos campos de atuação profissional, a jogo de cartas bacara amplitude na pesquisa, no ensino e na intervenção.
Apesar, porém, deste campo vasto de 📉 atuação, a formação de profissionais para desempenhar os papéis necessários nos diferentes campos ainda é insuficiente.
Uma consideração para esta carência 📉 de qualificação profissional pode estar na diversidade dos conhecimentos que esta área exige, oriundos da Psicologia, das Ciências do Esporte 📉 e do próprio esporte.
Devido a essa diversidade de conhecimentos, atualmente a Psicologia do Esporte tem duas especialidades: a Psicologia Clínica, 📉 com atuação de psicólogos em programas de intervenção, e a Psicologia Educacional aplicada ao esporte, com atuação de psicólogos e 📉 profissionais de outras áreas, em jogo de cartas bacara maioria da Educação Física, que trabalham com o ensino e a pesquisa.
Finalizando, torna-se possível 📉 compreender, a partir da análise teórica, como esse ramo da Psicologia foi construído historicamente e como está inserido no contexto 📉 geral da Psicologia na atualidade.
É um ramo da ciência psicológica que traz um desafio para a atuação do psicólogo no 📉 contexto do esporte e do exercício físico, o qual deve exercer os papéis de professor, pesquisador e consultor, buscando o 📉 desenvolvimento deste campo de atuação, bem como a estabilidade emocional e o melhor desempenho esportivo.
Recebido em 15/10/2008
Aceito em 23/03/2010