Palestrante: Prof.Dr.
José Sérgio Fonseca de Carvalho
Livre Docente em Filosofia da Educação na Universidade de São Paulo; Professor Titular da Faculdade de Educação da USP (FEUSP); 24 anos como docente – FEUSP (pedagogia – graduação e pós-graduação); Chefe do EDF – Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação.
jsfcuspusp.br
País de origem: Brasil
Sobre o palestrante:
"Livre Docente em Filosofia da Educação na Universidade de São Paulo.
Cursou graduação em Filosofia e em Pedagogia na USP.
É mestre e doutor em Filosofia da Educação pela FE USP.
Foi pesquisador convidado da Universidade de Paris VII -Denis Diderot (2011-2012 – FAPESP), onde realizou seu pós-doutorado junto ao Centre de Sociologie des Pratiques et des Répresentations Politiques, sob a supervisão do Prof.Dr Étienne Tassin.
Desde 2007 desenvolve pesquisas sobre os vínculos entre o pensamento político de Hannah Arendt e a educação no mundo moderno.
Tem atuado ainda na área de formação de professores em direitos humanos, com projetos vinculados à Secretaria Especial de Direitos Humanos e às redes públicas de ensino básico.
É pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP, onde coordena o Grupo de Pesquisas "Direitos Humanos, Democracia, Política e Memória" e membro do Conselho Municipal de Educação em Direitos Humanos da Cidade de São Paulo.
(Fonte: Currículo Lattes).
A palestra ocorreu no dia 27/03 (segunda-feira) no auditório Prof.Dr.
José Geraldo Massucato na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, às 10h30 e teve sem fim às 12h.
O evento teve entrada gratuita, sem necessidade de inscrição.
PALESTRA: A crise na educação e o sentido da experiência escolar – notas de um Petiano.
A palestra foi conduzida em forma de problematização pelo professor José Sérgio.
No começo, após apresentação, ele propôs um exercício entre os presentes, que consistia em analisar alguns conceitos que vemos sendo amplamente utilizados hoje em dia.
"O que é escola? E o que é ser um professor?", "o que faz uma escola ser escola? ".
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Foram as perguntas que o professor usou para provocar uma reflexão filosófica nos ouvintes.
É comum ouvirmos que a escola e o sistema de ensino estão em crise, mas o que isso quer dizer? E este, foi exatamente o ponto em que o palestrante buscou chegar.
Primeiro devemos realizar este exercício de reflexão para que possamos compreender o que é que está sendo afirmado de fato.
Seguindo este conceito, o professor José inicia novamente seus questionamentos: "o que é viver uma crise?", "o que é uma crise?".
Ele explica que a palavra "crise" possui uma conotação negativa e indica desequilíbrio, porém, estas definições são relativamente novas em termos filosóficos – possuem 150 anos para menos.
Logo, é preciso analisar de maneira ainda mais profunda.
CRISE
A origem da palavra é grega (krisis) e significa peneirar, separar, decisão.
Observando estes significados é possível recortar uma ideia em comum: a necessidade de ação.
Crise é o momento em que as certezas e verdades que tínhamos sobre determinado assunto, não podem mais ser consideradas como tais.
Há a "desconstrução de preconceitos e a derrubada de fachadas", significando que aquilo que antes víamos normalmente se desfez e agora percebe-se que há necessidade de fazer algo a respeito, pois o que está por trás não é algo que nos afirma.
Portanto, o momento de crise é também um momento de reflexão, pois endossa a busca por uma solução que pode ser feita com base em respostas antigas, no passado.
Todavia, a ação que está por vir de um momento de conflito pode ou não trazer justiça, sendo uma questão de liberdade.
ESCOLA
O professor analisou a origem da palavra.
Skholé, do grego, significa ócio, tempo livre.
Para auxiliar na investigação da palavra, José Sérgio contextualiza a época em que era utilizada: Grécia, século VI - VII, quando o tempo livre era aquele que fugia das atividades associadas à subsistência, ou seja, o conceito de um tempo vago era quando não se estava trabalhando para sobreviver.
Neste contexto, o ócio era um privilégio das elites aristocráticas e militares, que possuíam escravos que executavam tais atividades em seus lugares, logo, o tempo além destas atividades – ócio, tempo livre – era muito grande, e este era investido por eles nas práticas de leitura, estudo e treinamento físico, as quais lhes eram úteis para que pudessem ser bons oradores e mais preparados para as guerras, respectivamente.
Sendo assim, as classes mais baixas não tinham condição de fugir do trabalho de subsistência, não lhes sobrando tempo livre.
CRISE NA ESCOLARIDADE
O professor José Sérgio acredita que a escola está deslegitimada.
Ele ainda abre uma observação dizendo que existem escolas com sistemas de ensino alternativos pelo mundo que não se aplicam a essa afirmação.
O questionamento feito a seguir pelo professor-filósofo é sobre se a escola ainda é um tempo livre para todos os indivíduos adquirirem conhecimento e cultura? Ou na atualidade, seria apenas um tempo gasto como forma de preparo para produção no futuro.
Para o professor, a experiência escolar é o tempo que deveria exercer liberdade, criação e criatividade do indivíduo.
A escola não mais exerce a função de administrar igualdade em oportunidades aos seus alunos e, portanto, está deslegitimada.
"Por que a escola vem sofrendo pressão para espelhar o mundo e deixar de ser o espaço a ter poesia sem preço e conviver com o incomensurável? Por que é preciso mensurar?" É a ideia final que José Sérgio Fonseca de Carvalho deixa para os ouvintes.
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Texto de Gabriel Nory Diaz, 1 de abril de 2017