Patrocinadoras de 18 dos 20 times da série A do Brasileirão, as casas de apostas
esportivas entraram no mercado brasileiro1️⃣ com força total, disputando espaços dentro e
fora de campo com gigantes de outras indústrias. A operação, no entanto, é1️⃣ recente no
Brasil: é de 2024 a autorização que permite que as empresas funcionem no país. Apesar
da legislação, o1️⃣ funcionamento do mercado ainda está longe de estar definido e as
dúvidas podem surgir. A maior delas continua sendo: afinal,1️⃣ é legal apostar em esportesdasorte con
esportes no Brasil?
Em dezembro de 2024, um decreto assinado pelo então presidente
Michel Temer (PMDB-SP)1️⃣ autorizou a operação das casas de apostas no Brasil. A lei
13.756 estabeleceu algumas regras para as chamadas apostas de1️⃣ quota-fixa baseada em
esportesdasorte con resultados de temáticas esportivas. Três anos e meio depois do decreto, a
expectativa tanto das empresas1️⃣ quanto dos apostadores era que o mercado já tivesse sido
regulamentado, mas isso ainda não ocorreu. Agora, o calendário está1️⃣ apertado: é preciso
que o Poder Executivo publique as normas em esportesdasorte con menos de seis meses.
A lei atual
determina que1️⃣ as empresas que operam no Brasil sejam sediadas em esportesdasorte con outros países e
não tenham pontos de venda físicos. Ou1️⃣ seja, funcionam apenas através de sites,
hospedados em esportesdasorte con domínios de redes internacionais, e seguem a legislação do país de
1️⃣ origem. É o caso da EstrelaBet, operadora que tem base em esportesdasorte con Curaçao. Para o chefe de
operações Fellipe Fraga,1️⃣ a regulamentação deve ajudar a afastar o ar de ilegalidade que
ronda o mercado.
— A regulamentação está sendo muito aguardada1️⃣ por toda a indústria e
as expectativas são muito positivas. Estamos tratando com cautela, esperando que a
legislação não venha1️⃣ com medidas que vão impedir o bom funcionamento do mercado e que
não gere prejuízo ao consumidor. A esperança é1️⃣ que o Brasil siga os bons exemplos que
existem lá fora e aplique aqui — avalia Fraga.
Segundo ele, a regulamentação1️⃣ pode
beneficiar tanto para as operadoras quanto os apostadores.
— Vai dar uma segurança não
só para para as operadoras, mas1️⃣ também para os clientes. Vai nos dar condições de
termos parcerias para apoiar o próprio cliente em esportesdasorte con casos que1️⃣ houver necessidade.
Além de ajudar a coibir atividades ilegais — ressalta.
Como a regulamentação pode
beneficiar o apostador?
A advogada especialista em1️⃣ esportesdasorte con direito desportivo Danielle
Maiolini acredita que a nova legislação pode amparar legalmente o apostador.
Atualmente, como não há critérios1️⃣ estabelecidos para a operação, as empresas não têm o
chamado compliance, um sistema de normas e leis que é obrigada1️⃣ a seguir. Com a
regulamentação, esses critérios serão estabelecidos, e um deles é o licenciamento das
casas de apostas no1️⃣ país.
— Para que o licenciamento seja aprovado, as empresas têm que
cumprir alguns requisitos, como ter uma pessoa jurídica no1️⃣ Brasil que as represente.
Isso traz muitos benefícios, como a transparência de como essas apostas funcionam e
também uma maior1️⃣ segurança jurídica para o apostador. Se houver algum problema, ele tem
quem responsabilizar no Brasil, e essa empresa estará sujeita1️⃣ aos códigos do país, como
o Código de Defesa do Consumidor, do mesmo jeito que acontece com qualquer outra
empresa.1️⃣ E também em esportesdasorte con termos do mercado, é interessante para fins de transparência
e credibilidade, o que ajuda a afastar1️⃣ esse ponto de contato com atividades ilegais —
analisa.
De acordo com a advogada, o fato de não haver, ainda, uma1️⃣ legislação que
defina os parâmetros das apostas de quota fixa deixa algumas lacunas para o mercado.
Ainda não se sabe1️⃣ se a regulamentação, prevista na lei e que tem como órgão regulador o
Ministério da Economia, vai permitir que algumas1️⃣ casas de apostas sigam operando com as
mesmas condições atuais, ou se a legislação vai exigir que as empresas tenham1️⃣ sede no
país. Essa indefinição dá margem também para as dúvidas sobre como será a tributação da
operação. Maiolini acredita1️⃣ que a regulamentação evita a evasão de divisas, já que traz
essa atividade econômica formalmente para o país. Nesse caso,1️⃣ como a atividade já
acontece no território nacional, é vantajoso para o país ter a atividade regulada em
esportesdasorte con termos1️⃣ de arrecadação de impostos.
— Precisamos entender como isso vai acontecer.
Pode ser que mesmo depois da regulamentação, algumas casas venham1️⃣ a operar fora do
Brasil, e estariam sujeitas a tributações e condições diferentes do mercado. Isso pode
privilegiá-las e dar1️⃣ uma vantagem competitiva sobre aquelas que estariam dentro das
regras no cenário nacional, trazer odds mais interessantes para as casas1️⃣ sediadas fora
do Brasil, então é algo que temos que esperar a regulamentação sair para ver como vai
acontecer —1️⃣ avalia a advogada.
Os outros jogos de azar, como bingo e cassino, também
serão regulamentados nessa lei?
Existe, também, outro processo de1️⃣ legalização dos jogos
de azar no país. O deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE) é o relator do Projeto de
Lei1️⃣ 442/91, que já tramita na Câmara desde 1991. Na época, o deputado Renato Vianna
(PMDB-SC) apresentou um projeto para revogar1️⃣ os dispositivos legais relativos ao jogo
do bicho.
Ao longo dos últimos 31 anos, o projeto sofreu diversas emendas, pleiteando
também1️⃣ a liberação dos chamados “jogos de fortuna”. Em esportesdasorte con 2024, o deputado federal
Diogo Andrade (PSD-MG) requereu uma audiência pública1️⃣ para discutir o chamado “Marco
Regulatório dos Jogos no Brasil”, que estabelecia as condições para a legalização dos
cassinos, do1️⃣ jogo do bicho, das apostas on-line e do bingo.
Para Maiolini, os dois
projetos andam lado a lado no objetivo de1️⃣ tornar o mercado das apostas on-line,
independentemente da natureza, mais transparente. Ela explica que muitas casas operam
nas duas categorias,1️⃣ oferecendo serviços como cassino on-line e apostas esportivas, por
exemplo, e que para que haja uma maior uniformidade entre as1️⃣ operadoras, é necessário
que todos os jogos estejam dentro da legislação brasileira.
— Considerando que as
empresas tendem a explorar uma1️⃣ grande quantidade diferente de jogos, quanto maior for a
quantidade de jogos regulada dentro das mesmas regras no Brasil, a1️⃣ gente vai ter um
mercado mais transparente. A gente vai ter um mercado mais limpo do ponto de vista da
1️⃣ competitividade, porque a gente não vai ter uma casa de apostas deixando de estar aqui
dentro porque uma série de1️⃣ jogos nos quais ela investe não estão regulados — reflete a
advogada.
Em fevereiro deste ano, a Câmara aprovou o projeto,1️⃣ com relatoria do deputado
Felipe Carreras (PSB-PE), presidente da Comissão do Esporte da Câmara. O PL agora segue
para apreciação1️⃣ do Senado, e a previsão é de que a votação aconteça ainda neste ano. O
projeto, no entanto, não fala1️⃣ diretamente sobre apostas esportivas, que ainda ficam
autorizadas sob a Lei 13.756/18, mas é importante para entender as tendências do1️⃣ país
em esportesdasorte con relação a jogos de azar.
Em relação às dúvidas que surgem sobre a
confiabilidade do mercado, o deputado1️⃣ afirma que é necessário criar um órgão que
fiscalize o setor.