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O Brasil já encaminhou à União Europeia (UE) a resposta do Mercosul ao texto adicional ao acordo entre📉 os dois blocos que prevê retaliações em caso de descumprimento de compromissos ambientais, disse, neste sábado, o presidente Luiz Inácio📉 Lula da Silva.
Ele enfatizou que a carta diz claramente que Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai não aceitam ameaças e atribuiu📉 à França as dificuldades para se chegar a um consenso.
- Respondemos a carta deles colocando aquilo que deve ser parte📉 do acordo e dizendo que não aceitamos que uma carta entre amigos tenha ameaça - disse Lula, reafirmando que quer📉 fechar o acordo ainda este ano.
- Estamos há vinte e poucos anos brigando por isso.
Não é fácil negociar com os📉 franceses, não é fácil.
Eles querem que você abra mão de tudo e não abrem mão de nada.
Eles valorizam o franguinho📉 deles, o vinho deles.
Segundo interlocutores do governo brasileiro ouvidos pelo GLOBO, a resposta encaminhada à União Europeia prevê um mecanismo📉 chamado "equilíbrio de concessões".
Por esse instrumento, se os europeus decidirem proibir a importação de determinado produto que teve origem em📉 uma área desmatada, eles terão de abrir seu mercado para outro item exportado pelo Brasil, ou perderão a vantagem concedida📉 a bens de seu interesse.
Por exemplo, se a UE proibir a importação de carne bovina teria que dar uma abertura📉 adicional à carne de frango ou deixaria de vender no mercado brasileiro, com alíquotas menores, produtos de seu interesse, como📉 automóveis.
Com essa medida, os negociadores brasileiros esperam compensar os produtores nacionais que forem atingidos pela lei aprovada pelo Parlamento Europeu,📉 que proíbe a importação de alimentos de áreas desmatadas até dezembro de 2020.
O Brasil questiona as regras previstas na nova📉 legislação europeia.
Outro ponto da contraproposta é uma resposta direta ao instrumento adicional ao acordo, chamado side letter, apresentado pelos europeus,📉 em março deste ano, para que os países do bloco sul-americano assumam compromissos ambientais.
Pelo texto, em vez de aplicar sanções📉 comerciais, a UE deveria dar maior abertura a alimentos produzidos de forma sustentável.
Os europeus emitiram sinais de que estão dispostos📉 a flexibilizar e aceitam negociar mudanças.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Ursula von der Leyen, da Comissão Europeia,📉 anunciaram mais uma vez que vão trabalhar para que as conversas sejam concluídas ainda neste semestre.
A contraproposta brasileira também prevê📉 ajustes em compras governamentais, que dá o mesmo tratamento a firmas nacionais e europeias em aquisições da União.
Entre os pilares📉 do texto, está a possibilidade de o Brasil exigir compensações a empresas europeias que forem escolhidas em licitações públicas, como📉 investimentos e transferência de tecnologia.
O Brasil também quer dar margens de preferência de até 20% a empresas brasileiras de todos📉 os portes: micro, pequenas, médias e grandes.
Quanto mais comprometida com o maio ambiente, maior o percentual.
Na prática, em uma licitação,📉 uma empresa nacional poderá oferecer até 20% a mais no preço em uma licitação do que uma firma europeia.
As margens📉 de preferência estão previstas em uma nova lei brasileira, que entrará em vigor a partir de 2024.